A reprovação escolar é um grave problema no Brasil. No ano de 1995, com o objetivo de implantar um programa de aceleração de aprendizagem voltado a alunos do ensino fundamental com até dois anos de defasagem escolar, o Centro Tecnológico de Brasília (DF) realizou uma pesquisa e constatou que havia crianças que estavam a cinco ou seis anos na escola sem conseguir sair do ensino fundamental. Dez anos se passaram e, segundo a diretora do centro, Rosa Maria Pessina, pouca coisa mudou.
Segundo informação presente no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), um terço dos estudantes brasileiros da primeira série do fundamental reprovou ou abandonou o sistema escolar em 2003. ?Está havendo um esforço grande por parte das autoridades, para que essa situação seja revertida?, afirma Rosa. ?Porém, ainda falta muita coisa. No País, é essencial maior valorização dos professores, investimento em capacitação, infra-estrutura de escolas e participação da família.?
Há alguns anos, muitos estados tentaram adequar as crianças às séries de acordo com suas idades. No Paraná, foi implantado um programa de correção de fluxo, que acabou sendo bastante criticado e, conseqüentemente, suspenso. ?Esse programa fazia com que o aluno, a partir de uma certa idade, conseguisse concluir rapidamente o ensino fundamental. Ele não considerava o nível de aprendizado da criança e sim sua idade. Dessa forma, foram aprovados muitos estudantes que não tinham um acompanhamento escolar adequado?, lembra o presidente do Sindicato da Associação dos Professores do Paraná (APP-Sindicato), José Rodrigues Lemos.
Na opinião da diretora do Departamento de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, Nara Luz Chierighini Salamunes, os índices de reprovação só serão menores quando a alfabetização e o letramento forem colocados como prioridade nacional, estando presentes nos cursos de formação de professores e na mentalidade dos governantes.
?O primeiro efeito da reprovação é que a criança começa a achar que a não-aprendizagem é um problema exclusivo dela, quando isso não é verdade. Muitas vezes, ela é retida em função de critérios mínimos de conhecimento impostos pela escola. Ninguém aprende as mesmas coisas e a mesma quantidade de coisas ao mesmo tempo?, diz. ?A repetência faz com que a criança seja discriminada, muitas vezes pelos próprios professores, e, quando é excessiva, leva à evasão escolar.?