Poeta curitibano faz viagem vertiginosa em primeiro trabalho em prosa

Depois de duas décadas de poesia, o poeta e tradutor curitibano Fernando Koproski lança seu primeiro trabalho em prosa, a trilogia A Complicada beleza, publicada pela editora carioca 7Letras. Bota-fora dos versos confessionais, os livros formam um painel literário da Curitiba, explorando os espaços urbanos e as possibilidades de se viver no caos silencioso de uma grande cidade.

Narciso para matar, o primeiro volume, muito mais que uma homenagem ao cineasta norte-americano Stanley Kubrick, cria um interessante jogo de espelhos entre o narrador e o leitor. Narciso é um personagem dentro de um livro escrito por outro personagem, o Narrador. Aos poucos, realidade e ficção se confundem em primoroso trabalho narrativo, capaz de transformar a prosa poética de Koproski em um thriller psicológico pelas ruas da capital paranaense.

A trilogia segue com Crônica de um amor morto, romance inspirado nas mulheres das histórias de Edgar Allan Poe. Como o jornalista bêbado de Hunter S. Thompson, o protagonista do livro se alimenta do que há de abstrato no cotidiano para manter-se vivo. Entre os amores que vêm e vão, o protagonista-poeta se desmancha na solidão e na esperança. Para Koproski, não existe limite que separe a realidade e a literatura. “Por isso comecei a escrever ficção”, esclarece.

Se nos dois livros anteriores Fernando Koproski quebra a quarta parede e permite ao leitor participar da história, A Teoria do romance na prática é uma viagem vertiginosa por Curitiba. “A cidade é uma musa com cinto de castidade. Ela usa um cinto que ela mesma fechou e jogou fora a chave. E dependendo do humor em que ela se encontra, ela insinua, seduz e ilude. Você pode até achar que um dia será acolhido entre seus favores, às vezes pode até quase sentir suas carícias, mas nunca vai inaugurar o beijo ou mesmo consumar o ato”, define Koproski.

Nuances

No final das contas, A Complicada beleza é uma homenagem irônica à cidade, mas também à cena literária que povoa Curitiba. As capas dos três livros têm imagens do fotógrafo Daniel Castellano, reconhecido por retratar a urbe com um olhar cuidadoso e contraditório, explorando as diversas nuances da Cidade Sorriso.

Voltar ao topo