Trio britânico brinca com a ideia de amizade entre rapazes em show acrobático

Sherlock Holmes e Dr. Watson, Frodo e Sam, Batman e Robin, Kirk e Spock. O mundo do cinema e da literatura reúne bons exemplos do que pode-se chamar de “bromance”, aquela relação íntima, mas não sexual, entre dois ou mais amigos. De volta ao Brasil, os garotos britânicos da Barely Methodical Troupe integram a programação da 20ª edição do Cultura Inglesa Festival, que abre nesta quinta, 26. O jovem performer Beren D’Amico, um dos fundadores da companhia, relembra quando o espetáculo estreou em 2014, na mostra paralela do Festival de Edimburgo e veio para o Brasil no ano passado. “Nós queríamos brincar com essa ideia de intimidade entre amigos, como já existia entre nós”, falou ao Estado. Ele se refere a Charlie Wheeller e Louis Gift, parceiros do palco e dos estudos no National Centre for Circus Arts, principal escola do país na formação profissional em artes circenses.

A passagem pela Circus Space trouxe ao grupo uma composição variada de movimentos e habilidades. D’Amico se especializou em Hand-to-Hand com o colega Gift. A técnica compõe a execução de movimentos de resistência que tem como apoio as mãos do parceiro. Ele também faz passos de break e Wheeller desliza pelo palco girando em uma roda cyr, um grande bambolê originário do Canadá. O objeto que permite movimentos circulares pelo chão é uma forma simplificada da versão alemã, feita com duas rodas paralelas. “No meio disso, contamos a história de companheirismo, amizade entre três melhores amigos e seus limites.” Mais complexo que realizar todos os movimentos, D’Amico conta que o trio fez dupla jornada para criar o espetáculo. “Nós ensaiamos por quase três meses, entre os feriados da escola e o fins de semana”. Ele ressalta quais são os movimentos mais complicados: “quando nós três estamos interagindo, quando se exige mais atenção”.

Com uma longa agenda de apresentações, a Barely estreou no ano passado o espetáculo Kin. Além do trio, o diretor Ben Duke reúne mais três acrobatas, em números de salto em prancha coreana, aparelho semelhante a gangorra.

O festival também traz as esquetes do Comedy Education In English, grupo liderado pelo britânico Joe Bone. Em Table Book On The Is, cenas curtas demonstram as contradições e os desafios no aprendizado da língua inglesa.

Na lista de montagens nacionais, está a adaptação de Eigengrau, da dramaturga Penelope Skinner. O espetáculo dirigido por Nelson Baskerville conta a história de quatro jovens – Rosa, com sua fé no amor e na numerologia; Carol, uma feminista engajada; Marcos, um profissional do marketing e Tomás Gordo, que vive um luto eterno. A peça marca a estreia da companhia paulistana Delicatessen Teatral.

A dança ganha espaço em Céu de Espelhos, com coreografia de Irupé Sarmiento e Samuel Kavalerski. O espetáculo resgata a psicodelia da canção Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles, e os livros Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll.

Há também um passeio histórico pela música britânica em British Invasion Experience. Em parceria com o Centro Cultural São Paulo, o projeto compõe uma exposição que retrata o movimento de artistas britânicos a partir dos anos 1960 e a revolução cultural provocada na música mundial. O marco é a lendária apresentação dos Beatles no programa de Ed Sullivan e que elevou a banda para as paradas de sucesso dos EUA.

O Centro Britânico também participa com três exposições. Em Dias Úteis, Laura Gorski e Renata Cruz discutem a questão da utilidade dos dias nas criações da escritora Virgínia Woolf (1882-1941). Os pedaços de um barco de Marina integram a criação de Maurício Adinolfi, em referência ao poema do escritor Thomas Stearns Eliot. E, em Structuring to Foster, o artista Rodrigo Sassi dialoga com aspectos das artes plásticas e da arquitetura do local.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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