Exposição ‘O Triunfo da Cor’ tem pós-impressionistas com pouco em comum

Pós-impressionismo, termo cunhado em 1910 pelo professor de arte inglês Roger Fry, é quase tão vago como pós-moderno, que não quer dizer muita coisa. Em todo caso, num lance comercial que deu resultado, Fry assim batizou a exposição Manet e os Pós-impressionistas que organizou na Grafton Galleries de Londres, aberta em 1910, aproveitando a ascensão dos preços dos artistas franceses atuantes na década de 80 do século 19, como Gauguin e Cézanne. O termo pegou e os marchands franceses, loucos para vender seus estoques, o aceitaram de bom grado. Até os museus franceses passaram a agrupar esses artistas sob essa denominação. E é assim que eles chegam ao Brasil, a partir de quarta-feira, 4, na exposição O Triunfo da Cor: Pós-Impressionismo, que reúne obras do Museu d’Orsay e do Museu de l’Orangerie.

A mostra tem como curadores o presidente do Museu d’Orsay, Guy Cogeval, e Isabelle Cahn, da mesma instituição, além do espanhol Pablo Jiménez Burillo, da Fundación Mapfre, um dos seus patrocinadores. Ela apresenta 75 obras de 32 artistas considerados expoentes do pós-impressionismo, como Cézanne e Gauguin, entre outros. Dividida em quatro módulos, a exposição recompõe os principais núcleos atuantes na época em que Van Gogh desembarcou em Paris, em 1886, atraído pelo movimento de renovação da pintura após o ocaso impressionista. Nesse ano, entre os artistas parisienses, já circulava o termo neoimpressionista para definir esses filhos rebeldes que não mais se identificavam com o impressionismo, entre eles pontilhistas como Seurat e Signac, incluídos na mostra do CCBB, que segue em julho para o Rio de Janeiro.

A exposição complementa o grande sucesso de público que foi a mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade, realizada há quatro anos no mesmo CCBB. Consagrada como a terceira mostra mais visitada do mundo em 2012, ela recorria ao acervo do mesmo Museu d’Orsay, a maior coleção de impressionistas da França. Na atual, os nomes são igualmente atraentes, embora as obras talvez não tenham tanto apelo popular.

Ainda que agrupados como pós-impressionistas, há pouco em comum entre artistas como Cézanne e Gauguin, ou entre Seurat e Van Gogh. Cada um deles seguiu um caminho diferente, buscando soluções particulares para um problema criado pela geração dos impressionistas. O que se tem na mostra do CCBB, portanto, é uma vanguarda dividida, ativa numa época de radicalização e pouco diálogo entre os integrantes da exposição.

O TRIUNFO DA COR: O PÓS-IMPRESSIONISMO. CCBB. R. Álvares Penteado, 112, tel. 3113-3651. 4ª a 2ª, 9h/21h. Grátis. Abertura quarta. Até 7/7.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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