Duda Brack lança hoje em show seu primeiro álbum, ‘É’

Na faixa que encerra É, Duda Brack anuncia: “Se não for ao sol, eu vou à chuva/ Se não for de fraque, eu vou pelada/ Se não for desse amor, eu vou com o meu amor/ Se não for, eu vou assim mesmo”. A Casa Não Caiu é a senha para entender a cantora e seu álbum de estreia, cujo repertório ela apresenta em show nesta terça, 4. Ao mesmo tempo funcionando como conclusão e ponto de partida – foi a primeira música escolhida para fazer parte do disco -, a composição de Caio Prado ressalta as características “viscerais e sujas” do trabalho.

Aos 21 anos, a gaúcha estabelecida no Rio desde os 18 diz ter como principal impulso sua intuição, sem receio de correr riscos. Sua voz se mostra cortante nas oito faixas do repertório. Todas inéditas, escritas por contemporâneos seus. “Desde o início, quis tomar uma posição radical nesse sentido, porque acredito na necessidade de movimentar o novo. Se fosse por um caminho pavimentado, ia ficar no mesmo lugar. Pode ter sido arriscado cantar apenas músicas de gente desconhecida da minha geração, mas me vi naquelas canções e achei que devia dar voz a elas”. Duda afirma que a escolha das músicas foi pautada pelas reflexões sobre seu atual momento, especialmente a chegada dos 20 anos e a consolidação de sua permanência na cidade que escolheu para trilhar a carreira.

A concepção de É remete a 2013, quando já tinha mais da metade do repertório em suas mãos. Convidada a fazer um show, ela ligou para João Cavalcanti, membro do Casuarina, que indicou Gabriel Ventura (guitarra), Yuri Pimentel (baixo) e Gabriel Barbosa (bateria) para acompanhá-la. Seu irmão, Bruno Giorgi, foi chamado para produzir o álbum – os dois são filhos de Lenine. A apresentação não aconteceu, mas cantora, banda e produtor desenvolveram a sonoridade nos ensaios. Ainda que seja um trabalho pessoal, Duda reconhece em seu caráter coletivo o catalisador de sua proposta. No encarte, ela agradece nominalmente vários membros da família, músicos e amigos como Ana Cañas, Maria Gadú e Pedro Luís.

Amores não correspondidos e relacionamentos falidos dominam metade do álbum, calcado na sonoridade do indie rock. “Virou corda no pescoço esse colar de madrepérola”, sentencia Duda em Cadafalso (Posada), sob a pressão da guitarra de Ventura. Lata de Tinta (Paulo Monarco e Elio Camalle) apresenta um casal cuja “bossa nova virou rock’ n roll e não há Nelson Motta nem Pasquale que possa dar jeito”. Para Duda, temas intensos que refletem sua personalidade. “É algo intuitivo, a gente vai vivendo e as coisas nos atravessam. Esse disco é a reação ao que eu vivi. Penso nele como fragmentos eternizados”. Afirmando ser movida pelo caminho e não pelo fim, É a impulsiona a seguir em frente. “Acho que vou chegar a algum lugar. Se não conseguir e ninguém entender nada do que fiz no disco, paciência. Dei tudo o que tinha de mais sincero”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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