Mesa da Flip discute o romance policial

Mais que a solução de um crime, o que mais interessa em um romance policial é a relação entre pessoas – foi esse o ponto em comum que uniu dois autores de obras distintas, a inglesa Sophie Hannah e o cubano Leonardo Padura, no encontro denominado De Frente Para o Crime, no início da tarde de domingo, 5, na 13ª Flip.

Ao contrário do recorrente, ambos preferem utilizar o suspense para enfatizar outro assunto, seja a condição social do país (no caso de Padura), seja a dificuldade de relações, como prefere Sophie.

“Ouço muito falar sobre a atual literatura policial nórdica, ou seja, a sueca, finlandesa e de outros países próximos”, contou a inglesa. “Meus amigos dizem que é ótima, pois se passa em um ambiente frio, com neve, e em lugares obscuros. Mas não me interessa um livro em que o clima é mais importante que as pessoas! Quero saber é como funciona o relacionamento entre homens e mulheres.”

Sophie contou que, ao iniciar seus romances, já sabe como será o desenlace. “Sou planejadora – a arquitetura da história é muito importante e é a primeira coisa que articulo ao iniciar um novo trabalho”, explica. “Claro que, durante o processo, surgirão mudanças, mas a estrutura principal está lá.”

Já Leonardo Padura prefere um caminho totalmente diferente. “Gosto de não saber como será o final. Assim, ao longo da escrita, tanto eu como meu personagem principal, o detetive Mario Conde, vamos descobrindo o desenrolar do caso.”

O protagonista surgiu nos anos 1990, época em que o escritor cubano criou a tetralogia Quatro Estações. Ao longo da década, aliás, o leitor acompanhou também a despedida de Conde da polícia, para se tornar vendedor de livros usados. “Foi durante uma crise econômica em Cuba, na qual muitas pessoas foram obrigadas a se desfazer de seus bens.”

Conde retorna em outro livro, Hereges, que a Boitempo lança em setembro. “E Conde é novamente o personagem principal do livro que escrevo agora. O começo descreve o ex-detetive acordando e se deparando com sua imagem no espelho às vésperas de completar 60 anos”, conta Padura. “Ele vai entrar na quarta fase de sua vida, que poderá ser a última por conta do uso de álcool e fumo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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