SBT consegue boa audiência com reprises de novelas de sucesso

A estratégia do SBT de reprisar novelas mexicanas no horário vespertino surpreendeu até o mais otimista dos executivos da emissora. Há dias, a novela Marimar, protagonizada pela cantora Thalia e exibida em 1996, registrou 11 pontos no ibope. No mesmo dia, a inédita A Outra não passava dos sete no horário nobre. A reprise de Pícara Sonhadora, estrelada por Bianca Rinaldi, não fica atrás: 11 pontos. A partir do dia 2, os índices de audiência devem ser ainda maiores. Afinal, Maria do Bairro, também estrelada por Thalia, foi uma das poucas novelas “cucarachas” a ultrapassar a casa dos 20 pontos.

Quando foi exibida em 1997, chegou a incomodar o Jornal Nacional, da Globo. E, no dia em que foi ao ar o último capítulo, a diferença entre as duas emissoras chegou a oito pontos. Enquanto o Jornal Nacional registrava inéditos 31 pontos, Maria do Bairro alcançava heróicos 23.

Além disso, a reestréia de Maria do Bairro promove também um embate bastante peculiar entre as produções mais vendidas das duas maiores superpotências da teledramaturgia internacional. Vale lembrar que, no momento, a Globo exibe no Vale a Pena Ver de Novo a saga italiana Terra Nostra, escrita por Benedito Ruy Barbosa em 1999. Recentemente, Terra Nostra ultrapassou Escrava Isaura no “ranking” das novelas brasileiras mais vendidas para o exterior: 120 países. Parece muito, mas ainda está longe de alcançar Maria do Bairro, que já chegou a 180 países.

Na verdade, a Globo exporta para menos países que a Televisa porque seu preço de venda, assim como o custo da produção, é bem mais alto. Enquanto um capítulo de novela da Globo consome cerca de R$ 100 mil, um da Televisa não custa mais de R$ 60 mil e é vendida aqui por cerca de R$ 5 mil.

Público cativo

Mas o fato é que, cada vez mais, as novelas ditas “enlatadas”, aquelas que já vêm prontas do exterior, criam um público cativo no Brasil. E, principalmente, no SBT. Não por acaso, lá se vão mais de 20 anos que a emissora de Silvio Santos importa dramalhões da Televisa. Começou em 1983, com a compra de Os Ricos Também Choram, de Inés Rodena, e já somam cerca de 100 produções. Algumas delas, como Carrossel, exibida em 1991, causou tanto estardalhaço que obrigou o autor Gilberto Braga a alterar os rumos de O Dono do Mundo.

Com o tempo, o sucesso das produções mexicanas encorajou Silvio Santos a mudar o formato de suas novelas. Em vez de investir em textos nacionais, passou a produzir tramas baratas a partir de originais mexicanos, com elencos pequenos e curta duração, como Pequena Travessa, Marisol e Jamais Te Esquecerei. O maior sucesso dessa nova empreitada foi Pícara Sonhadora, de 2001, que alcançou 18 pontos.

A grande vantagem de se comprar uma “obra pronta” é que se reduzem os riscos. Isso porque, no ato da compra, a emissora já sabe quais novelas fizeram sucesso e em que países elas já foram devidamente “testadas”. Seus Olhos, atualmente no ar, apresenta outros avanços. Afinal, desde que iniciou a parceria com a Televisa para a co-produção de novelas, esta é a primeira vez que uma trama é “adaptada” e não simplesmente “traduzida” para o português. O trabalho da autora Ecila Pedroso trouxe Seus Olhos para a realidade brasileira, com direito a abordagem de temas atuais, como exploração infantil, reciclagem de lixo e até seqüestro de crianças em maternidade.

Simples e eficaz

Coincidência ou não, Seus Olhos é de autoria de Inés Rodena, a mesma de Maria do Bairro. Dona de uma vasta produção folhetinesca, ela “quase” pode ser considerada uma Janete Clair. “Quase” porque a diferença entre as duas é evidente. As produções brasileiras têm um sem-número de personagens e dezenas de núcleos interligados por uma trama principal. Se um núcleo não der certo, o autor aposta em outro. Já nas tramas mexicanas há pouquíssimos núcleos e a história é sempre focada nos personagens principais. O que não quer dizer que a história seja ruim. Pelo contrário. Ela é de fácil entendimento e prende a atenção do telespectador.

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