Com estilo pop, MIS celebra seus 45 anos com atividades e visitas

O Museu da Imagem e do Som, MIS, começa nesta sexta, 29, a celebrar seus 45 anos. Há uma programação especial para isso. A partir das 21h, o compositor Ney Matogrosso vai fazer um bate-papo de tema livre com o jornalista Cadão Volpato. Haverá ainda duas mostras de cinema e visitas guiadas para apresentar o acervo do museu.

O sábado, 30, terá, na área externa, eventos em formatos reduzidos, como a Feira Plana (para publicações independentes), a Sacola Alternativa (outra feira, mas de discos promovida por selos e gravadoras independentes) e o Jardim Secreto (ligado à moda desenvolvida por pequenos empreendedores).

O MIS tem ficado mais visível sob administração de André Sturm desde 2011. Sua gestão tem sido marcada por temporadas consideradas de maior potencial de atrativo público, como as exposições relacionadas ao cineasta Stanley Kubrick, ao roqueiro David Bowie e ao programa Castelo Rá Tim Bum, da TV Cultura. Um resultado numérico que o empolga. “Em 2010, o museu recebia menos de 60 mil pessoas ao ano. Só em 2014, recebemos 605 mil”, afirma. “O MIS passou a ser um centro de cultura não para um gueto, mas para todos. Temos conseguido fazer o museu se tornar uma caixa de reverberação”.

Há um preço embutido nos números. Para alguns defensores do museu sem propósitos comerciais, Sturm abre mão da “arte” para abrigar o mundo pop. Sua resposta às críticas já está pronta. “Essa ideia reflete um elitismo equivocado. Primeiro, discordo de que a existência de filas seja sinal de nível baixo, e esse tem sido o nosso desafio. Propor uma programação ousada que também faça público. Eu poderia estar fazendo aqui shows de pagode ou axé para encher o museu. Mas, dizer que Stanley Kubrick é popular, é um pop star, é um engano. Dizer que David Bowie, um artista que não faz shows há oito anos, é pop star, é um equívoco. O Castelo Rá Tim Bum não passa na TV há anos.”

Ele analisa a atuação de sua gestão e a compara com o passado. “Antes havia uma programação de qualidade, mas que era segmentada, não buscava um diálogo com mais pessoas. Acho que não é nada razoável uma visitação com menos de 60 mil pessoas por ano.”

Ainda assim, Sturm concorda que as pessoas poderiam saber mais do que o museu tem em seu acervo, além de suas vitrines mais luxuosas. “Não é algo fácil de se comunicar, é um trabalho de formiguinha.”

A pedido da reportagem, o próprio MIS enviou alguns itens de seu acervo pessoal do qual poucos sabem da existência.

Entre os destaques, estão a Coleção Vale do Ribeira produzida entre 1972 e 1974, uma documentação em fotografia, áudio e filme da cultura popular das cidades do Vale do Ribeira. Também é notável um projeto de pesquisa de Márcio Mazza e José Fernandes Teixeira Filho, que documenta em fotografias e áudio a atividade dos fotógrafos lambe-lambe em São Paulo nos anos 1970.

O acervo apresenta também uma coleção de arte rupestre formada por 5 mil fotografias que documenta os trabalhos da arqueóloga Niède Guidon no sítio de São Raimundo Nonato no Piauí. E uma entrevista do cineasta Ozualdo Candeias, gravada em 1985 e com 6 horas de duração, sobre a Boca do Lixo.

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