Liam Neeson, armado, crê na reflexão em ‘Noite Sem Fim’

Liam Neeson admira-se de ainda andar por aí, correndo de arma na mão. “Truly”, de verdade, ele diz num encontro com um reduzido grupo de jornalistas, num hotel de Nova York. O estúdio colocou os dois veteranos juntos. Neeson, o astro, e Ed Harris para falar do vigoroso thriller de Jaume Collet-Serra, que estreia na quinta, dia 30. O Schindler de Steven Spielberg conta que teve alguns recomeços na vida e na carreira, mas não tem explicação para o fato de, aos 62 anos, estar consagrado como astro de ação.

“Às vezes, acho-me ridículo, dando tiros e porradas. Penso que vão parar, me mandar para o canto, mas aí Jaume me envia esse roteiro bem escrito, um filme de ação com um fundo de verdade muito forte. Não dava para resistir.” A seu lado, Ed Harris intervém para dizer: “Esse cara ainda tem uma vitalidade de garoto. No filme, eu mando matar e só no final pego em armas. Ele está o tempo todo disparando, batendo. Mas não é só isso. O filme tem ‘some pretty good words’ (bons diálogos) para falar sobre a natureza humana e refletir sobre relações. Temos de agradecer a Jaume por manter a tradição de um cinema de ação forte e reflexivo, que fez a grandeza de Hollywood.”

Tudo parece déjà vu em Noite sem Fim. A amizade rompida, o difícil relacionamento de pai e filho. Liam Neeson faz o capanga de Ed Harris, que controla a noite, o crime. Neeson tem um filho do qual se mantém distante. O garoto cresceu e virou tudo aquilo que o pai não representa. Um sólido pai de família, cidadão. Mas sabe a hora errada? Ele testemunha o crime cometido pelo filho de Harris. E agora os antigos parceiros vão virar antagonistas em defesa dos filhos. Déjà vu. Já visto? Mas então qual é o milagre que faz com que tudo pareça novo, e vital? É a direção, com certeza, e o elenco. Tem horas em que a ação para e Neeson e Harris só se sentam para conversar. Palavras – e como ator e diretor de teatro, Harris sabe o valor que elas têm.

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