Peter Hook se apresenta hoje em São Paulo

Aos 58 anos, Peter Hook é um daqueles figurões internacionais que sempre dá as caras no País e faz juras de amor à bandeira verde e amarela. Foram três visitas só nos últimos quatro anos. “Vivi ótimos momentos no Brasil. No total, já estive por aí umas 15 ou 20 vezes. O público é acolhedor. Os shows são sempre muito agitados e costumam ter mais gente que em Manchester”, brinca o ex-baixista do Joy Division e do New Order, em entrevista por e-mail ao jornal O Estado de S.Paulo.

Fato é que, a cada vinda, assim como outros grandes nomes dos anos 1980, o britânico tenta exorcizar seus demônios. Junto à banda The Light, ele traz a São Paulo uma nostálgica performance com a íntegra dos álbuns Low-Life (1985) e Brotherhood (1986), respectivamente, terceiro e quarto disco do New Order, grupo que formou ao lado de Bernard Sumner, Stephen Morris e Gillian Gilbert, após o suicídio de Ian Curtis, no auge da fama, em 1980.

“Low-Life, Brotherhood e Power, Corruption and Lies, gravados entre 1982 e 1985, são os trabalhos mais importantes da trajetória do New Order. Singles como Confusion, Thieves Like Us, Bizarre Love Triangle, Shellshock, State Of The Nation, True Faith e, claro, Perfect Kiss, externam bem a proposta da banda. Estávamos na nossa melhor forma”, diz o músico.

Em 2011, Hook veio ao Brasil para apresentar um show exclusivo sobre a curta e intensa trajetória do Joy Division. Já no ano passado, o baixista voltou ao País com a turnê Peter Hook & The Light Performing New Order’s Movement and Power, Corruptions & Lies. O objetivo: tocar os dois primeiros álbuns do New Order, Movement (1981) e Power Corruption & Lies (1983), discos que marcaram a transição do rock atormentado de Curtis e seu Joy Division para as experimentações eletrônicas e dançantes do New Order.

Os shows fazem parte do projeto de Hook de tocar na íntegra e na ordem os álbuns que são importantes na trajetória das duas bandas das quais ele fez parte.

“Há uma mística de grande qualidade no trabalho do Joy Division, porque a banda durou pouquíssimo tempo. A trágica morte de Curtis afetou a história do grupo.

Adoraria ter feito mais coisas com o Joy Division. Acho mesmo que teríamos ido longe. Em contrapartida, o New Order fez coisas incríveis. Penso que, de alguma forma, todos os integrantes do New Order continuam escrevendo a história da banda. Talvez não do jeito que gostaríamos. Apesar das dificuldades e problemas na Justiça com os outros integrantes, fico muito feliz de tocar esses álbuns. Quando olho para trás e vejo tudo que produzimos, principalmente nos anos 1980, percebo o quanto isso mudou a história da música”, afirma o multi-instrumentista.

Ao lado do filho, Jack Bates (baixo), Hook também vai tocar clássicos do Joy Division na apresentação desta sexta-feira, 31, antes de executar na íntegra os dois álbuns do New Order. “Vamos começar o show com 30 minutos só de músicas do Joy Division. Nossos fãs sempre querem ouvir coisas mais antigas. Dividir a apresentação foi a melhor forma que encontramos de fazer isso. Desta maneira, teremos tanto músicas do New Order quanto do Joy Division”, complementa.

RELAÇÃO CONTURBADA

Em 2006, após uma série de atritos, o baixista deixou a banda e, pouco tempo depois, o New Order se desfez. Sumner e os outros membros tentaram ressuscitar o grupo em 2012 sem o conhecimento de Peter Hook.

A briga acabou na Justiça. “O grupo apenas chegou ao fim por motivos que todos já estão cansados de saber. Não tenho nenhum tipo de relação com Sumner, Morris e Gilbert. Nós não nos falamos há muito tempo. É triste, mas é assim que as coisas estão e parece que vão continuar da mesma forma por algum tempo.”

Segundo Hook, o Joy Division e o New Order continuam sendo influências para

diversas bandas, principalmente em Manchester, berço do próprio New Order e de outros gigantes, como Oasis, The Smiths e The Chemical Brothers. “A cena musical em Manchester, na Inglaterra, continua muito forte. Temos bandas como Elbow, que já conquistou um bom público. Há outros grupos fazendo música eletrônica de qualidade. Eu, particularmente, sou fã do trabalho dessas jovens bandas. Estamos no caminho certo e isso não vai acabar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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