Cinema

Richard Linklater fala sobre a inspiração de ‘Boyhood’

Roteiro? Direção? Filme? Todo mundo está fazendo suas apostas sobre as categorias que Boyhood poderá – ou vai – vencer no próximo Oscar. O que ninguém duvida é que o novo Richard Linklater será indicado para os prêmios da Academia de Hollywood. O texano Linklater, nascido em 1960, virou um diretor cult, e não apenas por sua trilogia Before/Antes – do Amanhecer, do Por do Sol, da Meia-Noite. Acompanhar o casal Ethan Hawke e Julie Delpy por 20 anos, escrevendo o roteiro em parceria com os atores, lhe valeu mais que notoriedade. Linklater é um autor em sintonia com as transformações do mundo atual. Trabalha o tempo, gosta de inovar.

Em 2001, rodou Waking Life com atores – os de sempre: Hawke e Julie – e depois transformou suas silhuetas em animação. E, este ano, em Berlim, fez sensação com Boyhood, que ganhou no Brasil um acréscimo ao título: Da Infância à Juventude. A ideia é tão simples que parece o ovo de Arquimedes. Eureca! “Como ninguém pensou nisso antes?”, perguntou o próprio Linklater num encontro com jornalistas, na Berlinale, após a exibição de seu filme. Boyhood já chegou com pinta de campeão.

No final, não levou o Urso de Ouro – e nem Linklater o recebera com Antes do Amanhecer, em 1995. Naquele ano, ele teve de se contentar com o de Prata, mas a ousadia do filme – um casal conhece-se no trem e passa a noite caminhando (e conversando) por Viena -, embalada de romantismo, fez do jovem Linklater, aos 35 anos, um autor para os anos 1990.

O ‘Eureca!’ diz respeito ao próprio conceito do novo filme. O cinema retratou muitas vezes o rito de passagem de garotos, mas nunca desse jeito. Boyhood acompanha 12 anos da vida de um garoto, seu adeus à infância – e, de quebra, retrata a família, a América, o mundo. A novidade é que Linklater iniciou seu filme em 2002 e seguiu filmando seus atores pelos 11 anos seguintes (até 2013).

“É meu filme mais otimista. Nasceu sob o signo de que seria possível motivar uma equipe e mantê-la unida, que ninguém sofreria acidentes nem morreria. Os deuses teriam de conspirar conosco. Foram generosos.” Todo mundo pegando junto. Ethan Hawke (quem mais?), Patricia Arquette, Ellar Coltrane (o garoto). Na verdade, Linklater teve de enfrentar apenas uma (quase) desistência. Sua filha Lorelei, que faz ‘Samantha’, foi a única a querer desistir. Ele brincou: “É um filme sobre problemas familiares, e eu os tive de resolver em casa.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.