Omara Portuondo revisita seu disco ‘Magia Negra’

Aos 83 anos, a cantora cubana Omara Portuondo detesta que lhe falem de duas coisas: sua idade e a possibilidade de se aposentar. “A música para mim é um tipo de rendição, uma coisa especial”, disse ela na quarta-feira, 27, falando ao jornal O Estado de S.Paulo por telefone, de um hotel em Porto Alegre. Omara está em turnê pelo País mostrando Magia Negra – Black Magic, um disco que gravou em 1957, aos 26 anos. O show desembarca neste sábado, 30, no Teatro Bradesco, em São Paulo.

Biscoito finíssimo, Magia Negra foi gravado com o maestro, compositor e arranjador cubano Julio Gutierrez e contém canções como Caravan, de Duke Ellington; Andalucia, de Ernesto Lecuona; Que Emoción, de Orlando de La Rosa; Adiós, de Enric Madriguera; e Ya no Me Quieres, de Maria Grever. Omara o está refazendo no palco pela primeira vez em sua carreira, com um quarteto que conta, entre seus integrantes, com o pianista Rolando Luna, o garoto que hoje toca no Buena Vista Social Club o que o mestre Ruben Gonzalez tocava.

“Nunca penso em me aposentar. Gosto do trabalho, gosto da proximidade com o público. Me estimula muito, me faz viva”, disse a veterana cantora, um dos patrimônios históricos da música de Cuba. Ela falou das circunstâncias de gravação de Magia Negra, no auge das orquestras e dos clubes noturnos em Cuba, e dos seus projetos para o futuro.

Magia Negra evoca um período dourado da música cubana. A música-título é uma composição de Harold Arlen e Johnny Mercer, de 1942, e foi gravada primeiramente pela orquestra de Glenn Miller. A interpretação exuberante de Omara, com um tanto de juvenil, acenava para com uma nova possibilidade para os standards americanos.

A voz ritualística de Omara perpassa uma profusão de gêneros, como bolero, mambo, son, trova, rumba e outras. Filha de negro e branca, mãe espanhola que a incentivou na carreira artística, Omara foi enormemente influenciada pela cubana María Teresa Vera (1895-1965). Mas também ouvia pelo rádio a música que vinha dos Estados Unidos. “Quando eu era menina, não tinha eletricidade em casa, então a gente ouvia rádio de pilha. Costumavam transmitir concertos do Carnegie Hall pelo rádio, e a gente pegava isso em Cuba. Eu me lembro de ter ouvido uma cantora extraordinária chamada Marian Anderson. Quando estive no Carnegie Hall com o Buena Vista, vi uma foto dela lá, era uma negra estupenda”, lembrou, em 2012. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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