Grupo Corpo brilha no Festival de Joinville

Pedro Pederneiras já viu tantas apresentações do Grupo Corpo que chega a cochilar em algumas. Diretor técnico da companhia mineira, ele contou a anedota para dizer que, como a equipe é experiente, ele fica relaxado na maioria dos espetáculos – guarda o nervosismo para quando o palco é brasileiro e a plateia é nova. Poderia ter dormido: os 19 bailarinos do grupo arrancaram aplausos intensos dos cerca de 4 mil espectadores que lotaram a abertura da 32ª edição do Festival de Dança de Joinville na quarta, 23.

Após um hiato de 27 anos, o Corpo voltou ao palco do maior festival de dança do mundo com duas coreografias relativamente antigas. A primeira foi Onqotô (2005), que tem trilha de Caetano Veloso e José Miguel Wisnik. Em seguida, dançaram Parabelo (1997), com trilha de Wisnik e Tom Zé. “Escolhemos estas peças porque são as que melhor representam o Corpo hoje”, explica o diretor-geral e artístico Paulo Pederneiras. Enquanto o grupo parte para uma turnê nacional (no Teatro Alfa, em São Paulo, a partir de 13/8), o festival abre seus palcos para os cerca de 6.500 participantes até 2/8.

Com imensa maioria de noites competitivas, a mostra recebe, ainda, outra companhia convidada. Na segunda, 28, o Balé da Cidade de São Paulo mostra Uneven (2013), BandOneón (2014) e Cantata (2014), também já conhecidas do público paulistano.

Novidades

A 32ª edição traz algumas mudanças. A principal delas é o projeto Curto-circuito. Fruto da já antiga parceria com o Itaú Cultural, a ação vai oferecer residências em criação a intérpretes de todas as regiões do País. “Há um desejo de construir coisas junto ao festival, deixar um legado, pensar a formação”, diz a gerente do Núcleo de Artes Cênicas do Itaú Cultural, Sonia Sobral. Durante o evento, os intérpretes interessados serão ouvidos para que a equipe do Curto-circuito possa adaptar o projeto às diferentes realidades locais. Só após o festival serão definidas as cinco cidades que receberão os cursos, bem como os ritmos que devem ser ministrados. Assim como no ano passado, a parceria com a instituição leva os campeões da mostra para uma apresentação no Auditório Ibirapuera – Oscar Niemeyer, em 15/8. “É importante colocar os grupos sob os olhos extremamente exigentes dos paulistanos”, diz Ely Diniz da Silva Filho, presidente do Instituto Festival de Dança de Joinville.

O panorama da dança brasileira também será visto na Estímulo Mostra de Dança, outra novidade do festival. A curadoria selecionou quatro grupos amadores que têm participação contínua no evento e foram premiados nas edições mais recentes da Mostra Competitiva. Os contemplados – Sheila’s Ballet (SP), Especial Academia de Ballet (SP), Coa. de Dança Vera Passos (CE) e Cia. Matheus Brusa (RS) – receberam ajuda de custo e consultoria de profissionais indicados pela curadoria. A Estímulo ocupa o lugar da Mostra Contemporânea de Dança, criada em 2001, que dava espaço para cias profissionais pouco conhecidas.

O festival também ultrapassa as fronteiras joinvilenses, montando palcos alternativos – que recebem grupos não classificados para a Mostra Competitiva – nas cidades vizinhas como Blumenau, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul e Pomerode. O REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DO FESTIVAL. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo