Ringo anima plateia com vasto repertório

Ninguém parecia se importar muito que o show acontecia em um teatro: a plateia recebeu em pé – e assim permaneceu por cinco músicas – o eterno Beatle Ringo Starr. Muito mais contido que o outro companheiro de banda ainda vivo, Paul McCartney, o bateria parecia à vontade em frente ao público curitibano – que também não poupou empolgação, principalmente, em “Yellow submarine”, quando a audiência se transformou em um mar amarelo de bexigas.

Agora, engana-se quem pensa que as duas mil pessoas ali presente possuíam vasto conhecimento da carreira solo de Ringo, ao contrário, apenas uns devotos cantavam juntos músicas obscuras para o grande público, mas certamente um mel aos ouvidos mais treinados. Entretanto, isso não era problema, afinal, estar na presença de um Beatle é um presente e tanto.

Ringo, que não demorou para assumir as baquetas, fez um bom papel de coadjuvante, bem daquele jeito: chegou de mansinho e roubou a cena toda. Todd Rundgren, responsável pelas guitarras da All-Star Band, assumiu os vocais e conseguiu prender a atenção do público – tanto pelas suas qualidades no microfone quanto pelos solos exuberantes e virtuosos.

Cheio de charme

Sem medo de seu passado, por sinal, tão glorioso e cheio de charme quanto o seu presente, Ringo entoou “Act Naturally”, b-side de “Yesterday”, gravada pelos Beatles em 1965, no auge do frisson que os quatro garotos de Liverpool causavam ao redor do mundo, “With a Little Help from My Friends”, do clássico “Sgt. Peppers and the lonely heart club band“, de 1967, e “Don’t Pass Me By’, do album branco, de 1968, e também “I wanna be your man”, de 1963, que, apesar de ser mais uma parceria Lennon/McCartney, foi gravada pelo Rolling Stones – antes que os Beatles a registrassem em estúdio.

No final das contas, Ringo fez o que se esperava dele: levou a magia de ter um Beatle ao vivo ao alcance dos olhos de duas mil pessoas e conseguindo animar a ríspida plateia curitibana com um repertório vasto e completo, apanhando cada centímetro de sua carreira de cinco décadas. Quando quiser, Ringo, pode voltar.