‘Avenida Brasil’ estreia com cenas eletrizantes

Desde que estreou no horário nobre da Globo, em 2008, com a novela “A Favorita”, o autor João Emanuel Carneiro vem fortalecendo sua marca. Assim como existe uma identidade enraizada nas histórias, por exemplo, de Manoel Carlos, com os diálogos simplistas de seus personagens, ou nas de Silvio de Abreu, que tem uma queda pelas tramas policiais, João Emanuel conseguiu criar, em sua obra, elementos que são hoje prontamente decodificáveis. O clima de suspense, os protagonistas ambíguos, uma decisiva reviravolta no metade do caminho do folhetim. E o primeiro capítulo da novela das 9 “Avenida Brasil”, na segunda-feira, foi puramente João Emanuel Carneiro. No ibope, marcou 37 pontos de audiência, contra os 41 pontos do dia de estreia da antecessora “Fina Estampa”.

No novo folhetim do novelista, a malfeitora Carminha, vivida por Adriana Esteves, segue a linha de outros vilões abomináveis do repertório de João Emanuel – vide Otto (Juca de Oliveira), da ótima série “A Cura” (2010), e Flora (Patrícia Pillar), de “A Favorita”. Carminha ganhou um peso importante no capítulo de estreia, pois é ela quem será o estopim de toda a história da protagonista: Rita (Mel Maia), na infância, que se transformará em Nina (Débora Falabella), na fase adulta.

O destino de Rita/Nina quando criança já é sabido do público: ela é abandonada em um lixão pelo amante de Carminha, Max (Marcelo Novaes). O que tornou acompanhar o desenrolar dessa fase inicial da trama ainda mais angustiante. Já comparada nas redes sociais à outra sofredora mirim, Salete, de “Mulheres Apaixonadas” (2003), novela de Manoel Carlos, Rita é filha de Genésio (Tony Ramos) e enteada da madrasta má Carminha.

Mais velho do que a vilã, ele torna-se alvo fácil do golpe armado por ela e o amante. Ainda no campo das comparações, o Genésio de Tony Ramos lembrou muito o Totó do mesmo Tony, da novela “Passione” (2010), do também já citado Silvio de Abreu. Só que em Avenida Brasil, Genésio descobre logo no primeiro capítulo que é vítima de uma armação, diferente de Totó, que foi levado na lábia durante praticamente toda novela por outra santinha do pau oco Clara (Mariana Ximenes). A sensação foi déjà vu.

A conexão das cenas foi uma sacada à parte: João Emanuel regeu uma alternância de sequências tensas, sempre lideradas por Carminha, com situações mais leves. Assim, quando o telespectador conseguia relaxar, lá vinha mais sufoco. Agora é esperar pela reviravolta da trama. E se depender do autor, ela não tardará e, tampouco, falhará. As informações são do Jornal da Tarde.

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