Travessias subterrâneas

Artistas levam arte nos terminais de ônibus

Os terminais de transporte coletivo do Cabral e Campo Comprido são os próximos a receber os artistas do projeto de arte urbana “Travessias Subterrâneas”, desenvolvido pela Fundação Cultural de Curitiba, por meio do Programa de Apoio e Incentivo à Cultura.

Cinco grupos de artistas estão participando do projeto, sendo que três já terminaram suas intervenções artísticas nos terminais do Capão Raso, Vila Hauer e Campina do Siqueira.

Aproximando a arte do universo de pessoas que transitam pelos terminais, os artistas propõem a reflexão sobre questões da contemporaneidade e da vida nas grandes cidades.
 
“As galerias dos terminais de ônibus em Curitiba são espaços ideais para intervenções artísticas efêmeras, um das marcas da arte urbana contemporânea”, diz Giusy de Luca, que coordena a intervenção que está sendo feita no Cabral, junto com os artistas Celestino Dimas e Jorge Galvão.
 
Pelo terminal, servido por 14 linhas de ônibus, circulam em média 85 mil passageiros por dia.  Os artistas utilizam as mídias mais recorrentes nessa linguagem – desenho, pintura com tinta spray, stencil, colagens e projeção de imagens. O grupo pretende registrar tudo em filme curta-metragem, abordando a produção das obras e as reações dos espectadores.

“A obra se conclui em um ‘laboratório’, no qual poderemos analisar as impressões causadas nos passageiros do Terminal do Cabral, considerado estratégico, pois é frequentado por muitos jovens estudantes e trabalhadores, a principal audiência da chamada arte urbana”, explica Giusy. “No entanto, o trabalho é acessível a todas as faixas etárias, sem restrições”, diz.
 
No Terminal do Campo Comprido, servido por 19 linhas de ônibus e com uma frequência média diária de 38,5 mil passageiros, será desenvolvida a proposta artística “O Teatro da Passagem”, coordenado por Juliana Burigo.

A artista projeta linhas nas paredes que, observadas à distância, podem ser apreendidas na sua forma integral, mas ao se aproximar ou “entrar” no trabalho, a pessoa passa a percebê-la de outra maneira, tendo de mover-se para visualizá-la, percorrendo suas extensões e observando seus pontos de encontro.

“O trabalho atua na arquitetura criando uma torção na experiência habitual da passagem”, explica Juliana. Ao longo do projeto, a artista pretende recolher material para uma publicação contendo imagens e texto crítico sobre o trabalho.

Nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2011, as passagens subterrâneas dos terminais do Capão Raso, Hauer e Campina do Siqueira também foram tomadas pelos artistas.

No Capão Raso foi desenvolvido o projeto “Percurso”, pelos artistas plásticos Ivane Carneiro e Paulo Auma. No terminal da Vila Hauer, os passageiros puderam “ver” música colorindo paredes.

Representando músicos e instrumentos musicais em “Melodia Urbana”, os artistas Marciel Conrado e Jonas Lopes de Souza inseriram visualmente ritmos legitimamente brasileiros, como samba e choro, no cotidiano dos usuários do transporte coletivo.

No projeto “Galeria de Arte Subterrânea” houve muita interação entre os artistas e o público. Os artistas plásticos Olho Wodzynski, Bruna Corso e Thiago Telles faziam perguntas a quem passava no Terminal Campina do Siqueira.

Questões sobre arte, rotina, trajeto, trabalho foram dispostas em adesivos numa bancada. O participante respondia a uma das perguntas num papel em formato de etiqueta que depois era fixado organizadamente em suporte de madeira. No final da intervenção as peças com as perguntas e respostas foram colocadas nas paredes da galeria para apreciação.

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