Memória

Curitiba terá o primeiro Museu do Holocausto do País

Curitiba terá a partir deste domingo (20) mais um museu. E de natureza internacional. É o Museu do Holocausto. Espaço semelhante já existe em Buenos Aires, Montreal, Polônia, Austrália, Bélgica, Holanda, África do Sul, Inglaterra, Rússia, entre outros países, sem contar as inúmeras unidades espalhadas pelo território americano (Nova York, Washington, Los Angeles, Houston, Dallas, entre outras). O museu é um espaço criado pela comunidade judaica com o objetivo inicial de preservar a memória das vítimas semitas sob os nazistas, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.

O presidente da Associação Casa de Cultura Beit Yaacov, Miguel Krigsner, que concretiza uma ideia nascida há aproximadamente dez anos, diz que a escolha da capital paranaense para abrigar a primeira unidade brasileira se deve ao fato de Curitiba e o estado contarem com número expressivo de judeus e descendentes europeus. Para ele, a iniciativa procura “trazer à luz um dos períodos mais tristes do século XX”. O museu não pretende “atacar nenhuma etnia, não tem nenhum intuito político, mas levar à reflexão sobre o momento atual, sobre a intolerância e a violência, que existem e atualmente vêm à tona especialmente sobre negros e homossexuais”.

Krigsner observou que o Brasil começa a ganhar importância internacional, se transforma em potência mundial e atrai expressiva leva de imigrantes. Ele destacou que sempre houve clima de convivência pacífica no país, e que iniciativas como a criação do museu se soma ao esforço para a cultura da tolerância. Ele abordou ainda manifestações que procuram relativizar a importância do holocausto e em alguns casos questionar a sua existência. “Começam a surgir notícias de que o holocausto não existiu. De que é uma mentira judaica. Grande parte da família de meu pai desapareceu na Polônia. Onde ela foi parar? Foi abduzida do planeta?”, indaga ele, ao mesmo tempo em que procura demonstrar a relevância que o assunto tem para os judeus.

A cientista política Denise Faiguenblum Hasbani, pós-graduada em Língua e Cultura Judaica pela Faculdade Renascença e mestre em Língua e Cultura Judaica pela USP, vê o museu como um instrumento de utilidade para as gerações futuras. Ela não se preocupa em combater a recente onda de crítica ao holocausto. “Estes negadores não têm importância. Sabemos que existiu. E pronto. O importante é o futuro. Servir de alerta para as gerações futuras sobre a intolerância e a violência, até onde elas podem chegar”, diz.

Para Denise Hasbani, a função do museu será a de contribuir para o aprendizado: “É preciso aprender. Esta é a função do museu”. “Queremos que as pessoas vejam, aprendam e saiam de lá melhores como seres humanos. O passado não muda mais. O holocausto aconteceu. Está muito bem documentado. Eles que dizem que não aconteceu, então que provem. O que não queremos é que nada semelhante a isso aconteça com ninguém no futuro”, diz ela. A cientista política observou que depois do holocausto, aconteceram outros tipos de violência e genocídios com outros povos, numa demonstração de que “a humanidade não aprendeu com o holocausto”.

Embora o museu seja inaugurado neste domingo, as visitas serão abertas ao público a partir de 12 de fevereiro, sempre agendadas pelo site ou por telefone com antecedência de 24 horas no mínimo e em horários especiais. Um dos focos do museu será a visitação para grupos de alunos e estudiosos do assunto. O coordenador do museu, Carlos Reiss, explica que a inauguração será feita em parte este mês para aproveitar o encontro nacional de lideranças de sociedades brasileiro-israelenses em Curitiba. O tempo restante, até fevereiro, será dedicado a encorpar o acervo, ainda em fase de consolidação. O Museu do Holocausto de Curitiba f,ica na Rua Coronel Agostinho de Macedo, 248, Bom Retiro (fones 3093-7462 e 3093-7461), site: www.museudoholocausto.org.br

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