O som da cidade

Sim, nós temos rock. Mas também abraçamos o samba, o choro e a MPB com o mesma afetuosidade com que recebemos a música celta, experimental e nordestina. Uma amostra de toda essa diversidade musical gerada em Curitiba é o que oferece o projeto O som da cidade, que acontece até outubro no SESC da Esquina.

A quarta edição do projeto começou no mês passado com o espetáculo Música dos povos, do Grupo Omundô. A pesquisa em sonoridades étnicas caiu bem para abrir o festival que reúne em um mesmo palco vértices opostos musicalmente, mas que se completam para formar o abrangente cenário proposto pelo projeto. O apanhado de estilos culminará em um grande espetáculo ao ar livre, em dezembro, com a participação de vários grupos e artistas.

Além do Omundô, já deram o ar da graça o Combinado Silva Só e Gente Boa de Melhor Qualidade com O dono da Maloca – Adoniran 100 anos e a música celta da banda Thunder Kelt. Para dar uma pitada de rock ao eclético panorama, a banda Mordida sobe ao palco hoje.

O grupo formado por Paulo Hde Nadal (voz e guitarra), Luiz Bodachne (guitarra), Zé Ivan (baixo) e Ivan Rodrigues (bateria) é considerado um dos projetos autorais mais promissores da cidade. Desde 2003, ano da sua fundação, a banda já passou por algumas mudanças de formação, mas o foco permaneceu intacto.

Quando perguntados sobre como definiriam o som feito por eles, os integrantes respondem em uníssono: é rock para dançar. A resposta sai sem dificuldades, mas não é fácil definir o som feito por eles. Talvez o resultado de vários ingredientes misturados em um liquidificador ou “Roberto Carlos-doido-moderno, brega suspirante, vovó na Rave”, como eles definem graciosamente no site da banda.

Mas explicar, neste caso, é o que menos importa. Quem for ao show poderá sentir no corpo as vibrações e ter as reações que a música deles suscita. Pensado especialmente para o projeto, o show Mordida em concerto faz um apanhado da trajetória de sete anos e mostra em primeira mão as quatro músicas (duas inéditas) que farão parte do primeiro disco.

“Este é um show especial. Vamos inserir alguns elementos novos como uma prévia do disco que está por vir”, adianta Paulo Hde Nadal. O nome do álbum ainda é “segredo de estado”, mas a previsão é que o lançamento ocorra ainda este ano. “Por enquanto estamos finalizando os instrumentais”, completa Zé Ivan. Já que a ideia é primar pela qualidade, propositalmente os músicos não agendaram uma data para evitar pressões para concluir o trabalho.

Em sua discografia, o Mordida tem seis Ep’s: Mordida, A grande garagem que grava apresenta Mordida, Tokyo, Festa jovem, Eu amo vc e Trama singles. A banda também participou de duas coletâneas: Tributo ao kinks (2006), produzido pelo guitarrista fundador da banda, Dave Davies; e Tributo ao álbum branco, produzido pelo jornalista Marcelo Froes em 2008.

A eclética programação é o grande trunfo do O som da cidade, uma oportunidade única de ver em um mesmo palco o pop/rock das bandas Mordida, Lívia e os Piá de Prédio, Ruído/mm e Punkake e o choro de Daniel Migliavacca. Ou a música experimental e erudita de Ângelo Esmanhotto com o samba e a MPB do grupo Serenô, Gil Bandeira, Thiago Chaves, Banda Sincopé e Espinho na Roseira. Ainda passam pelo teatro o Grupo Rosa Flô e a diversidade de estilos que marca a Banda Gentileza.

Tocar em um teatro é a primeira experiência para muitas das bandas que foram selecionadas para o projeto, como sublinha Kenni Rogers, produtor cultural do Sistema Fecomércio -Sesc/Senac. “O projeto é uma oportunidade de qualificação para grupos apresentaram espetáculos dentro de um teatro, que é outro produto. Eles deixam o show preparar um espetáculo musical, que exige cuidados diferenciados com figurino e cenário, por exe,mplo”.

Ivan Rodrigues, baterista do Mordida, sente que tocar no espaço do teatro abre espaço para outras possibilidades de repertório, já que “na balada é outro tipo de espetáculo”. “É uma seleção de som eclético, onde todos os segmentos da música feita aqui estão representados. Isso é fantástico”.

Rogers aponta que o projeto vêm ganhando novas proporções a cada ano, alavancado pela grande procura dos músicos. Nesta quarta edição se inscreveram 75 bandas e foram selecionadas 18, superando as expectativas dos organizadores. “O principal critério para a seleção é a qualidade musical e artística e a novidade nas propostas. O tempo de carreira não interfere na escolha”.

Proveitoso não somente para as bandas, o projeto é uma boa oportunidade de ver grupos das mais diversas vertentes reunidos em um só local com um ingresso a preço baixo: R$ 5 e R$ 10. É bom lembrar que para garantir um lugar é mais seguro comprar com antecedência.

Serviço

Projeto O som da cidade. Até outubro no Teatro Sesc da Esquina (Rua Visconde do Rio Branco, 969 – Centro), em Curitiba.
Ingressos: R$ 10,00 e R$5,00 (comerciários e dependentes, professores, estudantes e pessoas acima de 60 anos).
Venda antecipada no Serviço de Atendimento do Sesc da Esquina: de segunda à sexta, das 8h às 19h45, e aos sábados, das 9h às 12h45.
Sistema Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br).
Venda no dia do show: 1 hora antes do início da apresentação (quando da disponibilidade de ingresso). Programação completa dos shows pode ser conferida no site www.sescpr.com.br.
Informações: (41) 3304-2222.