‘Marcha para Zenturo’ marca união de grupos teatrais

O espetáculo “Marcha para Zenturo”, com estreia marcada para o dia 16 no Festival Internacional de São José do Rio Preto e temporada em São Paulo prevista para setembro, marca a união de duas companhias teatrais: o Espanca!, de Belo Horizonte, e o paulistano grupo XIX. A peça esquadrinha o reencontro de um grupo de amigos em uma noite de réveillon.

A união aconteceu depois que os dois grupos descobriram gostos e predileções em comum. Como se por ironia, os dois coletivos que tão bem se entenderam pretendem investigar justamente as dificuldades de comunicação no mundo veloz e vertiginoso que o novo milênio anuncia. “A virtualidade chegou de forma abrupta e mudou todas as relações, as possibilidades de encontro, alterou o conceito de distância. O que nos interessa é criar uma ponte lúcida com essa sociedade espantada pelo boom tecnológico”, comenta Grace Passô, do Espanca!, que assina o texto da nova montagem e, mais uma vez, mira as relações humanas pela perspectiva do afeto.

É a vontade de falar sobre o que chama de “nosso tempo” que aproximou Grace, do XIX, do diretor Luiz Fernando Marques. Para isso, a dramaturga e os atores de sua cia. se mudaram de Minas desde fevereiro. Antes, já tinham passado por aqui outras vezes. Em 2008, ensaiaram uma convivência de dois meses e criaram uma prévia do que apresentam agora, uma cena a que deram o nome de Barco de Gelo. “A gente é de uma mesma geração e isso nos ajuda a ter um vocabulário comum. Mas era só isso. Não combinamos nada”, ressalva Marques. “A gente começou de um jeito que acho que nenhum dos dois nunca tinha começado: do zero.”

Sem script ou planejamento prévio, os grupos se encontraram em momentos muito semelhantes de suas trajetórias: para ambos, o sucesso veio instantaneamente em seus espetáculos de estreia. “Por Elise” revelou Grace Passô para a dramaturgia nacional e rendeu-lhe, de cara, os prêmios Shell e APCA. “Hysteria” foi saudada como um marco de encenação e mostrava uma companhia de interpretação intimista, o XIX, devotada ao processo de criação coletivo: tudo, do texto aos figurinos, sempre feito em conjunto por seus integrantes. Quando se juntaram, cada um já havia concluído o terceiro trabalho e carregava a impressão de ter encerrado um ciclo.

“Estava com uma vontade muito grande de me reinventar e não de reafirmar um método de criação”, aponta Grace. “Queria uma novidade, algo que fugisse um pouco da maneira como as coisas já aconteciam naturalmente nos nossos processos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo