Alternativa

Filme no museu para quem não gosta de futebol

Como já dizia Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. Enquanto quase toda a população de Curitiba parou na frente de uma televisão para acompanhar o primeiro jogo da Seleção Brasileira de Futebol na Copa do Mundo de 2010, pelo menos nove pessoas preferiram ir ao Museu Guido Viaro, no Centro da cidade, assistir a um raro filme polonês.

Haverá um filme diferente em exibição no museu justamente no horário de cada jogo do Brasil. A ideia da Copa Sem Bola é de Guido Viaro Neto, fundador do museu. “Não esperamos nada. Se não vier ninguém, eu mesmo assisto ao filme e manterei as próximas exibições”, brincou.

Instantes depois chegou o primeiro espectador. O professor e tradutor Ignacio Dotto Neto, 40 anos, considera o período de Copa do Mundo angustiante. “Não aprendi a ter paciência de ver um jogo de futebol até o fim. Já esse filme eu sei que não terei oportunidade de ver em outra situação”, explica.

Aos poucos, a sala onde seria feita a exibição do filme Amador, dirigido por Krzystof Kieslowski em 1979, teve os lugares preenchidos. Acompanhado da namorada, o skatista David Thiago, 21, também chegou na hora. “Não gosto de futebol e achei o filme diferente. Viemos conhecer e fugir do barulho que está nas ruas”, conta o rapaz.

O músico Anderson Zabrocki, 24, garante que retornará no horário de todos os jogos da Seleção. “É tudo motivo para carnaval e para as pessoas fugirem do trabalho”, reclama.

Camila de Souza, 19, universitária, é outra pessoa que não se interessa pela Copa do Mundo. “Nem sei quem é o técnico da seleção, muito menos os jogadores”, confessa.

As portas da sala de exibição se fecharam para que o público presente pudessem ver o filme. Um casal chegou atrasado minutos depois. Do lado de fora do museu, a funcionária Vânia Franco, 25, contrariava o clima de falta de interesse por futebol buscando com ansiedade informações sobre o placar da partida entre Brasil e Coreia do Norte.

Filmes

Por enquanto, a Seleção Brasileira tem três datas e horários de jogos definidos. Contudo, sete filmes raros foram selecionados para exibição. “Se o Brasil não passar de fase, faremos a exibição dos últimos quatro filmes nas semifinais e final da Copa”, explica Guido Viaro Neto.

Os filmes escolhidos são de épocas e países diferentes. Enquanto a seleção estiver em campo para enfrentar a Costa do Marfim às 15h30 deste domingo, será exibido o francês O atalante, de Jean Viago, lançado em 1934. Às 11h do dia 25 será a vez do filme brasileiro mudo da década de 30, Limite.

Ainda participam da mostra o filme japonês Bom dia, de 1959; o espanhol O espírito da colméia, de 1973; o sueco Música na noite, de 1948; e o filme da Tchecoslováquia Marketa Lazarová, de 1967. A entrada é gratuita.