Espírito perturba médium em livro de Hilary Mantel

Quando tinha apenas 7 anos, a escritora inglesa Hilary Mantel diz ter sofrido uma experiência terrível. Ela teria visto o demônio no jardim de casa. O evento a ajudou a escrever seu novo romance, “Além da Escuridão”, vencedor do Man Booker Price do ano passado, uma das mais importantes premiações da literatura inglesa.

Em entrevista por e-mail ao Jornal da Tarde, a autora disse não ter certeza se foi realmente o demônio que ela viu. “Em minhas memórias, eu descrevo que, quando eu era uma garotinha, senti a presença de algo profundamente mau no jardim de casa. Foi uma experiência de muita intensidade. Me fez sentir muito gelada e doente. Eu não entendi o que aconteceu, e ainda não entendo, mas nunca me esqueci daquela sensação.” Seu livro não é autobiográfico, embora o episódio arrepiante da infância a tenha inspirado de certa forma. Na opinião dela, seu texto é de humor negro.

“Além da Escuridão” (Bertrand Brasil/R$ 45) conta a história da médium Alison Hart. Junto com a companheira Colette, ela viaja por cidades do interior da Inglaterra fazendo consultas mediúnicas. A aparência sorridente de Alison esconde temores que ela não conta para seus clientes. É que o espírito Morris a persegue e atazana sua vida. Mas não só Morris a atrapalha. Com ele, uma horda de almas perdidas nunca a deixa em paz.

Para descrever tudo o que Morris passa, a autora conta que estudou tarô, reiki e fez sessões de regressão. “Para falar de Alison e seus amigos, eu precisava entender este universo. Então, visitei cartomantes. Já o tarô me deu uma ideia interessante de como as coisas funcionam.” O humor negro fica por conta de brincadeiras que ela faz com espíritos de gente famosa, como o da Princesa Diana.

Mesmo não acreditando em vidas passadas, Hilary descreve o mundo dos espíritos como um lugar assustador. Mas há espíritos bons lá também, na opinião dela. “Todos, inclusive Alison, acabam conseguindo se livrar dos maus espíritos e atrair os que são úteis e gentis”, diz. “O mais importante é que esta é uma obra de ficção.” As informações são do Jornal da Tarde.