As obras do pernambucano Delima Medeiros, um dos maiores expoentes da arte moderna brasileira, podem ser conferidas na recém inaugurada Galeria Subsolo de Arte Contemporânea, em Curitiba.
A exposição Delima… pinta de ouro a vela da tua jangada traz parte do acervo do Centro de Cultura Delima Medeiros, entre elas alguns quadros de grande formato com mais de quatro metros de comprimento.
A maior parte dos quadros da exposição, criada como uma homenagem póstuma, são da última fase de Medeiros. A curadora da exposição, Joice Gumiel Passos, explica que as últimas obras do artista revelam uma retomada de elementos orgânicos e mais figurativos.
“Porém, essa fase não deixa de expressar a formação do Delima pela pintura abstrata”, afirma. Segundo Joice, as obras que ora ocupam a Subsolo já estiveram expostas no Paço Imperial, no Rio de Janeiro.
A exposição, composta por gravuras, desenhos e pinturas, conta ainda com mais três trabalhos inéditos de Delima Medeiros. “A exposição tem uma ambientação sonora. Algumas pinturas, de pequenos formatos, estão na sala de projeção da galeria, que exibe periodicamente obras de audiovisual”, afirma.
Joice afirma que as transformações na construção do trabalho de Delima equivalem às mudanças históricas, sociais e culturais, o que o tornou conhecido na Europa.
“Como morou muito tempo na Europa as obras dele não são tão conhecidas no Brasil, apesar de ele expor em bienais e suas obras ocuparem alguns dos mais importantes espaços de arte do País”, diz. No entanto, Joice ressalta a importância do artista para a arte brasileira, já que suas obras compõem as mais destacadas coleções do País.
“Delima acentua o individual e ao mesmo tempo propõe o universal, faz a figura equivaler a abstração, procede a antropofagia, defende a autonomia contextualizada, contribui com o regional/universal”, relata a curadora. Segundo Joice, inicialmente o encerramento da exposição estava previsto para 20 de dezembro. Porém a curadora já admite estender o tempo da mostra.
Delima Medeiros
A história da arte de Delima Medeiros começa em Recife quando, em 1957, conclui o Curso de Artes Decorativas pelo Colégio Industrial de Pernambuco e, em 1958, ingressa no Curso de Pintura na Escola de Belas Artes da Universidade de Pernambuco, concluído em 1960, período no qual também assume a secretaria da Sociedade de Arte Moderna de Recife.
Ainda, em 1960, Medeiros recebeu o 1.º prêmio de pintura e 2º prêmio de gravura do Salão do Estado de Pernambuco, o que resultou numa bolsa de estudos para Paris, do governo francês.
Na sequência, o artista se transferiu para a Europa onde morou por vinte anos, participando ativamente de exposições individuais e coletivas e recebendo premiações.
Em 1977, Medeiros recebeu convite para exposição individual no MAM e, em 1979, com a abertura política, retorna ao Brasil fixando residência no Rio de Janeiro; falecendo em 2002, em Olinda/Pernambuco.
Subsolo
Além de promover a arte contemporânea através da organização de exposições e da realização de eventos culturais, a curadora afirma que um dos objetivos da Subsolo, inaugurada em novembro desse ano, é manter o acervo Delima Medeiros, além de realizar exposições itinerantes das obras do artista.
“Galeria tem uma parte de projeção, uma entrada chamada de loja e duas salas no subsolo, que são efetivas da exposição”, diz. Segundo a curadora, a galeria deve abrir oportunidades para que outros artistas possam explanar suas obras no próximo ano.
A curadora ressalta que a proposta da galeria é a de traduzir através deste trabalho a necessidade que temos da arte, a sua possibilidade de humanização e o serviço de linguagem, co,municação, crítica e criatividade que esta pode nos oferecer. “Em tempos não tão saudáveis e nem tão humanos como os nossos, acreditamos no desempenho social da arte”.
Serviço
Exposição Delima… pinta de ouro a vela da tua jangada.
Até 20 de dezembro, na Subsolo Galeria de Arte Contemporânea (Av. Iguaçu, 2481 Água Verde).
De terça à sexta, das 14h às 22h, e sábado, das 11h às 18h.
Telefone: (41) 3019-8701.
www.subsologaleriadearte.com.br