Mon expõe 131 trabalhos de Vik Muniz

Pasta de amendoim, geléia, calda de chocolate, macarrão, molho de tomate e açúcar. Ingredientes de uma receita culinária – talvez não muito coerente e nada saborosa. Mas estes são ingredientes de uma receita que leva à curiosidade, à procura pelos detalhes, ao inusitado.

Estes foram alguns dos materiais utilizados pelo artista Vik Muniz em suas obras. Uma reprodução da Monalisa em geléia e em pasta de amendoim; o retrato de um homem feito com calda de chocolate; uma medusa de macarrão; rostos de crianças caribenhas que surgem a partir do açúcar.

Vik Muniz é um dos artistas brasileiros mais conhecidos no exterior. Agora, suas obras estão na maior exposição já dedicada ao artista, com 131 trabalhos. São grandes painéis com imagens das obras montadas por ele, que estão expostas na mostra Vik Muniz, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.

Divulgação
Auto-retrato do artista brasileiro, radicado em Nova York, Vik Muniz, feito com imagens de revistas.

Além dos comestíveis, o artista usa pó, lixo, papel de revista, quebra-cabeças, terra, arame, flores e materiais granulados para produzir suas obras. O que restou de uma Quarta-feira de Cinzas – confetes, serpentinas, anel de uma lata, bituca de cigarro, vidro quebrado – dá forma a crianças de rua que posaram, primeiramente, para a lente da máquina fotográfica de Muniz.

Puderam escolher, a partir de livros de arte, qual pose queriam fazer. Este é um exemplo do que a obra de Muniz pode gerar no espectador. Curiosidade pelo material usado, sentidos ativados e reflexão do que aquilo realmente representa.

Na seção Quebra-cabeças da exposição, o visitante se surpreende com a disposição das peças para a reprodução de uma cena tipicamente renascentista. Logo depois, aparece uma sequência de fotos que causa diversos questionamentos: como aquilo ali foi feito?

De primeira, vem no pensamento o recurso da informática. Mas não. Enormes desenhos, como os de um teclado, uma panela, lâmpada, chave, torneira, tesoura, dados, óculos, clip, tomada e livro, estão desenhados sobre a terra. Surgiram a partir da ideia e das escavações em uma mina de ferro.

Os desenhos reais tiveram dimensões entre 120 e 180 metros. Vik Muniz fotografou tudo do alto, de um helicóptero. A curiosidade é alimentada e sanada com um vídeo que explica como tudo foi feito, inclusive o trabalho das escavadeiras. A exposição tem o complemento de outros três vídeos.

Muniz está radicado há 25 anos em Nova York, nos Estados Unidos, mas constantemente visita o Brasil. Foi criado em São Paulo. Sua vida começou a mudar quando foi atingido por um tiro na perna, ao tentar apartar uma briga.

O autor do disparo o compensou e lhe ofereceu uma quantia de dinheiro suficiente para financiar uma viagem para Chicago, em 1983. Dois anos depois mudou-se para Nova York.

Suas obras estão em acervos dos principais museus do mundo, como o Tate Modern e o Victoria & Albert Museum, em Londres; o Getty Institute, em Los Angeles; o Museu de Arte Moderna de São Paulo; o Guggenheim e o Metropolitan Museum of Art, de Nova York.

O reconhecimento veio após seus trabalhos serem vistos por um crítico do jornal The New York Times. Vik Muniz já expôs no New Photography e no Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova York, entre outros.

O talento de Muniz também estampou as capas da revista dominical do The New York Times, para a qual criou um retrato de Alberto Einsten com recortes de papel, e da revista Esquire, com o retrato do russo Vladimir Putin recriado com Caviar. Muniz é o único brasileiro vivo a figurar no livro 501 Great artists of all times. O out,ro brasileiro citado é o carioca Hélio Oiticica, falecido em 1980.

Serviço

Exposição Vik Muniz, no Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico), até 28 de fevereiro de 2010. Horário de visitação de terça à domingo, das 10h às 18h. Ingressos a R$ 4,00 (R$ 2,00 para estudantes). Entrada gratuita para estudantes até 12 anos, maiores de 60 anos e no primeiro domingo de cada mês.

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