Um paranaense nas grandes obras de Hollywood

A maioria das pessoas não sabe, mas muitos dos cenários e personagens criados através de computação gráfica que aparecem em obras cinematográficas da Disney e da Warner Bros. têm o dedo de um paranaense. Trata-se de César Dacol Júnior, de 37 anos, que é nascido em Londrina, mas vive há vários anos no exterior, estando há quatro residindo em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Entre as criações do londrinense estão os guerreiros do filme 300, os bichinhos de Selvagens e O segredo dos animais, cenários de Quarteto fantástico e A experiência, dinossauros, personagens e paisagens de Viagem ao centro da terra, entre outros trabalhos.

“Comecei a me envolver com a criação de personagens aos 13 anos de idade, em Toronto (Canadá), quando escolhi o tema “efeitos especiais” para o desenvolvimento de um projeto de ciências da escola. A partir de então, comecei a me informar mais sobre o assunto e a fazer contatos entre pessoas que trabalhavam na área”, comenta Cesar.

Entre os contatos do paranaense, estava Dick Smith, responsável pelos efeitos especiais de filmes famosos, como O exorcista, Amadeus e O poderoso chefão. Foi ele quem ensinou a Cesar sobre maquiagem e aprimorou seus conhecimentos sobre efeitos especiais. “Dick foi meu mestre. Grande parte do que aprendi, aprendi com ele”, revela.

No início da carreira, Cesar criava suas personagens através de esculturas. Posteriormente, após assistir a Parque dos dinossauros (1993), dirigido por Stevem Spielberg, passou a aprender a trabalhar com computação gráfica, o que faz até hoje. “Fiquei impressionado com o filme. Eu o assistia e não sabia dizer como os cenários e personagens haviam sido criados. Então, comecei a estudar computação gráfica e me motivei a trabalhar com isto.”

A duração do trabalho de Cesar pode levar desde alguns meses (como em Quarteto fantástico, em que o profissional atuou onze meses) como vários anos (como em O segredo dos animais, em que ficou envolvido na produção por cerca de três anos). Ele não sabe dizer qual de suas criações é sua preferida, mas diz gostar muito da personagem Kazar, de Selvagens.

“Quando comecei a trabalhar em Selvagens, as personagens do filme já tinham design estabelecido. Entretanto, a produção me deu muita liberdade para mexer em Kazar, que era o grande vilão da história. 300 também me marcou bastante, principalmente pelo tamanho da equipe que trabalhou no filme, cerca de quinhentas pessoas. Porém, em qualquer obra, é fascinante dar vida a coisas que não existem. Também adoro ver a reação de meus filhos (de 4, 8 e 10 anos de idade) diante de minhas criações.”

Cesar é responsável pela empresa Rune Entertainmet, que tem sedes no Canadá e em Singapura, está abrindo uma nova sede em Los Angeles e em breve também deve começar a funcionar no Brasil, na capital paranaense. “No início, em Curitiba, vamos trabalhar com modelagem. A idéia é aproveitar o talento brasileiro para realizar trabalhos para o exterior”, explica.

O profissional nunca trabalhou com cinema brasileiro, mas diz que gostaria muito de passar pela experiência. “Estamos pesquisando o mercado cinematográfico nacional e acredito que ele tem muito potencial. O Brasil tem vários diretores de destaque. Entretanto, os filmes produzidos aqui são mais dramáticos e romances. Existem poucos trabalhos de fantasia e que utilizem efeitos especiais. Isto acontece por falta de verba, desconhecimento dos efeitos e ausência de roteiros que incluam a utilização dos mesmos.”