A influência dos contos de fadas nas mulheres

“Sim, podemos processar a fada-madrinha.” É o que afirma a psicóloga Odegine Graça, idealizadora do Clube da Auto-estima da Mulher, recentemente lançado em Curitiba. “Ao nos conhecermos, desmistificamos verdades mágicas, inscritas em nossas vidas pela varinha da fada madrinha. Desfazemos enganos, e refazemos nosso caminho. Dessa vez não mais pelo mágico, mas sim pela escolha pessoal. Decidimos trilhar nossa estrada, enfrentando nossas frustrações e aproveitando nossas felicidades, sem príncipes e sem carruagens que inevitavelmente se transformariam em abóboras.

Trabalhamos e compramos nossa própria carruagem e escolhemos sapatos confortáveis, que não sejam de cristal. E tomamos de volta por meio da justiça de nosso juízo perfeito aquilo que nos tiraram com tantas ilusões.” Essa é, segundo Odegine, a forma de se libertar das ilusões e idealizações causadas pelas tão “inocentes” historinhas infantis.

De acordo a psicóloga, muitas mulheres, “a maioria delas”, escolhem contos de fadas, histórias e mitos para viver e repetir em seus relacionamentos amorosos. Histórias essas que muitas vezes causam muito sofrimento. “Os mitos e contos infantis direcionados ao feminino são altamente punitivos, restritivos e colocam a mulher no papel da má, daquela que fez algo errado e merece o sofrimento que está passando. E que algum dia esse sofrimento vai acabar como num passe de mágicas”, diz Odegine.

Outro problema comum entre as mulheres, principalmente nas mais românticas, é de achar que a vida será como nos contos de fadas. E então, se trava uma busca frenética pelo homem perfeito, aquele príncipe encantado que irá resgatá-la de dentro da torre do castelo, com seu cavalo branco e seus dentes perfeitos, e levá-la para viverem “felizes para sempre”. Isso simplesmente não existe. Relacionamentos exigem esforço, paciência, dedicação e sabedoria para aceitar e entender não só os defeitos do seu parceiro, mas os seus também.

Empolgada com as orientações, a estudante do curso de estética, Zilda Maria da Silva, de 56 anos, que participou de uma das palestras do Clube, durante o Ciclo de Palestras sobre Saúde, da Uniandrade, diz que já se decepcionou, mas está aberta para um novo amor. “A palestra dá uma mexida na auto-estima. Acho que deveria ser feita em outros locais, inclusive, até em hospitais e postos de saúde”, reforça.

“Me identifiquei o tempo todo com tudo o que ela falou e com certeza vou fazer uma análise da minha vida depois dessa palestra”, disse a estudante de educação física. Simone Aguiar Trombini. O interessante das palestras realizadas pela Dra. Odegine, é que não são só as mulheres que frequentam e escutam as suas explicações, muitos homens também participam. Deve ser para tentar entender o que se passa nas complicadas mentes femininas.

Segundo a psicóloga, são inúmeros os perfis desenvolvidos pelas mulheres através das influencias dos contos de fadas. E da até para fazer uma comparação da personalidade de cada uma com as belas personagens dos principais desenhos infantis. Veja se você se encaixa em algum deles.

Cinderela: “A Cinderela é o tipo que vive se sacrificando pelos outros. Não sabe dizer não e abre mão de seus sonhos e do fruto de seu trabalho por medo de enfrentar a madrasta má. Acredita que se for boazinha e agüentar firme vai conseguir tudo aquilo que deseja, sem precisar dizer claramente o que quer, e exigir aquilo que merece. É o tipo: sendo boazinha vou ser recompensada, não preciso fazer nada por mim mesma, o universo me recompensara magicamente. São as eternas sofredoras e injustiçadas.”

Bela (e a Fera). “É o perfil da mulher maltratada; mas que quer ser salvadora. Encontra uma Fera na vida, que pode ser um marido alcoólatra, um namorado viciado, ou mesmo um companheiro violento, não importa o que ele faça de ruim, no primeiro pedido de desculpas, eu sinto tanto… me ajude… ela se entrega, perdoa e acredita que aquela fera que a agride não é o lado real do seu companheiro. Ela pensa que ele na verdade é um príncipe, que vai surgir maravilhosamente daquele corpo de fera enfeitiçado. Acredita que c,om certeza seu amor o libertará. Esse é o perfil da mulher vitimizada pela sua própria consciência enganosa, uma espécie de complexo de superpotência toma conta dessas mulheres e elas acreditam que podem mais que o próprio companheiro que decidiu ser fera. Elas doam sua juventude, sua vida por vezes de maneira literal, para provar que essas feras são príncipes e que elas são as salvadoras, e que com o amor doado por elas, eles se libertarão.”

Bela Adormecida. “As mulheres que tomam esse conto de fadas como diretriz para sua vida desenvolvem um perfil passivo, meigo, obediente”, conta Odegine. “Estão sempre dizendo amem a tudo. São do tipo gracinhas de todo mundo. Normalmente são frágeis, até mesmo em sua estrutura física. Arrumam-se como bonequinhas, sua opinião é a do publico em geral, jamais riem alto, ou se manifestam em publico. São tímidas e caladas, geralmente muito prendadas, honestas e limpas. Por sufocarem muito seus sentimentos desenvolvem doenças graves, podendo mesmo vir a sofrer morte precoce. Essas mulheres acreditam que a beleza exterior é essencial para se ter uma vida feliz, e todo o sacrifício para manterem-se belas é aceitável. A espera do amado ela esta sempre, e acredita que se estiver linda e com todos os seus talentos a vista de todos, ele certamente a encontrará.”

Rapunzel. “É um perfil muito interessante. As mulheres que têm esse conto como base de estruturação são fortes e destemidas”. De acordo com a psicóloga, os cabelos significam força. A Rapunzel mesmo presa em uma torre usa seus cabelos para conseguir aquilo que quer. “As moças desse perfil normalmente são desobedientes. As típicas revoltadinhas, que preferem as coisas do seu jeito. Estudam muito, desenvolvendo a força do intelecto. Esse tipo procura homens submissos que queiram subir na vida graças ao seu poder de comando.”

Chapeuzinho Vermelho. “É a típica come-quieto. Sexual, e tentadora, encarna a menininha indefesa a espera que todos os lobos expertos cheguem bem pertinho. Meninas com esse perfil tornam-se mulheres de família, acima de qualquer suspeita, mas que colecionam amantes quando vão levar bolinhos à vovó à tarde. E se alguém descobrir, esse marido caçador abatera o lobo faminto e mal, salvando sua adorada chapeuzinho.”

Viu? ninguém mandou ficar vendo tantos filmes assim quando era criança. Agora, dá-lhe terapia e palestras para tentar curar os traumas e desilusões amorosas. Será que podemos processar também o Walt Disney?

Clube da Auto-estima da Mulher

O Clube da Auto-estima da mulher oferece todas as palestras gratuitamente e tem como objetivo promover a melhoria da auto-estima feminina, proporcionando à mulher uma vida mais saudável e feliz. Dentre os temas abordados estão: A Auto-estima da Mulher & o Relacionamento Amoroso; Auto-Estima para Mulheres e o Sucesso Profissional; Coisas de Mulher; Os Desafios de Ser Mulher no Século XXI.

Um dos principais diferenciais do programa é que ele vai até as mulheres. Por isso, as palestras podem ser realizadas em empresas, condomínios, associações de moradores, e até de forma itinerante nas cidades do interior, dentre outros espaços. O lançamento do Clube ocorreu no dia 23 de outubro, em Curitiba, com apoio da Farmácia Miligrama. Quem tiver interesse em alguma das palestras pode ligar para (41) 9961-3349.