Governador prestigia ?Imin Matsuri?, tradicional festa da colônia japonesa

O governador Roberto Requião participou do ?Imin Matsuri?, Festival do Imigrante Japonês realizado no fim de semana ao lado do Museu Oscar Niemeyer num espaço cedido pelo governo do Estado. Vestido com um traje típico, o governador ressaltou a organização e a beleza do evento. ?É uma bela festa que mostra a harmonia e a exuberância das tradições japonesas, tão importantes num Estado como o Paraná, onde está a segunda maior colônia japonesa do país?, afirmou.

O festival lembrou os 98 anos da imigração japonesa no Brasil e mostrou que os nikkeis ou japoneses radicados no Paraná sabem manter as tradições. ?Enquanto o Japão passa por um avançado processo de ocidentalização, os descendentes espalhados pelo mundo ainda têm a fama de prezar, até demais, as tradições e estilo de vida dos ancestrais?, avaliou o presidente do Nikkei Clube de Curitiba, Jorge Yamawaki.

Para se tornar shushiman, um dos orgulhos da cultura japonesa, não é mais necessário ser descendente. ?Há algum anos isso já acontece. É comum ir a restaurantes e não haver quase nenhum descendente por lá. E isso em se tratando de bons restaurantes?, disse o bancário Mário Onishi. Ele foi responsável por ajudar a organizar as barracas culinárias da festa Imin Matsuri.

A própria celebração é um bom exemplo da aceitação da cultura nipônica entre os curitibanos: as barracas que serviam diversos tipos de iguarias nipônicas, como sushis e yakisobas, ficaram lotadas durante todos os dias e, segundo a organização, quase 90% dos visitantes não eram descendentes de japoneses.

Imigração

O navio Kasato Maru, com 781 passageiros, foi a primeira nau trazendo imigrantes a aportar no Brasil. Foi no dia 18 de junho de 1908 e a bordo do navio que estavam pessoas vindas para trabalhar nas fazendas de café do interior do Estado de São Paulo. Dessa data até 1941, às vésperas da Segunda Guerra, vieram ao Brasil cerca de 188 mil imigrantes agricultores.

A imigração japonesa só foi reaberta em 1953, estendendo-se por mais 10 anos, totalizando cerca de 50 mil imigrantes japoneses. Sua vinda foi resultante de uma conjugação de dificuldades e interesse de ambos os países – no Brasil, especificamente os fazendeiros de café, enfrentavam problemas com a mão-de-obra desde que houve a libertação dos escravos negros. O Japão enfrentava uma das piores crises de sua história marcada não somente por problemas econômico-financeiros mas também pelo desemprego e excedente populacional, tanto no pré quanto no pós-guerra.

O Paraná acabou se tornando o segundo destino mais procurado pelos imigrantes japoneses. Estima-se que hoje vivam em Curitiba mais de 40 mil descendentes. Mas a capital não foi o primeiro destino dos imigrantes. Antes, eles escolheram cidades do norte do Estado, como Apucarana, Maringá e Londrina.

O primeiro japonês a pisar oficialmente em Curitiba foi o ministro Sadadsuchi Uchida. Em 1907 ele veio negociar a vinda de imigrantes, sem êxito. A simpatia pelo povo oriental era pequena, tanto que um jornal da época fez uma matéria criticando o governo por ter recebido o ministro ao invés de ir a uma exposição de artesanato no Colégio Estadual do Paraná, conta o pesquisador Cláudio Seto.

Hoje, o caminho é feito na direção inversa. Os 274,7 mil descendentes brasileiros em solo nipônico já formam a terceira maior comunidade local de estrangeiros (perdem apenas para os coreanos e os chineses) e boa parte dela vive no arquipélago há cerca de duas décadas.

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