A tumba de Antonina

A melhor notícia no fim de semana serra abaixo foi da Mega Sena que saiu para Morretes. O abençoado do Rio Nhundiaquara levou sozinho o prêmio de R$ 4.873.830,43 pilas (como se dizia no tempo do Rocha Pombo). A boa nova só não foi melhor ainda porque um prêmio dez vezes maior deveria contemplar também a vizinha Antonina. Sem nenhum desdouro (essa palavra também é do tempo do Rocha Pombo) a Morretes, mas no placar na centenária disputa entre as duas cidades da cepa do Paraná, Morretes está ganhando. Ou uma Mega Sena na frente, como reconhecem os capelenses de olho vivo.

A discrepância (Viva Rocha Pombo!) salta aos olhos em praça pública. Enquanto em Morretes o espaço urbano é tratado como se fosse um presépio, em Antonina a praça junto ao trapiche, uma das mais belas paisagens do Paraná, é tratada como se fosse os fundos da estrebaria de um presépio. E o indício da aparente baixa estima de Antonia é o monumento à bíblia no centro da praça, mais parecido com uma tumba. Ou a sepultura daquela estátua horrorosa de João Paulo II que hoje está escondida (de vergonha) no Bosque do Papa.

Por ter nascido em Nova Trento, terra da Santa Paulina, falo com conhecimento de causa acerca do mau gosto de certos arroubos (valei-me, Rocha Pombo) de religiosidade. Parece que depois do Concílio de Trento até espírito de Michelangelo desapareceu do Vaticano. Sem falar das flores de plástico, adotadas com a Carta de Puebla.

Contam que logo depois de inaugurada essa tumba de Antonina (colocada no lugar de um busto histórico que foi parar na Praça da Carioca), o formidável Joca Alcobas (da Caçarola do Joca) saiu em busca de um padre para benzer a praça. E assim foi feito, para honrar o bom gosto do Senhor Todo Poderoso.

Antonina, orgulho do Brasil não está merendo apenas uma Mega Sena. Duas ou mais, para empatar o jogo com Morretes. E que Rocha Pombo, o inspirador da nossa Universidade, inspire também os homens públicos do litoral do Paraná.