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Afora o sorriso do vencedor, foi também emocionante a festa de rua dos filhos do Tio Sam. Da Costa Leste à Costa Oeste, lembrava o carnaval da Bahia, com todas as cores reunidas na mesma praça da alegria. Os gringos de cintura dura caíram na folia: Evoé, Obama!

Não apenas em Nova York, do Havaí à África, o mundo caiu na folia na noite histórica. No Japão, a grande comemoração foi uma cidadezinha balneária chamada Obama, conta o curitibano Helio Ciffoni, que trabalha no Japão. Os moradores saíram às ruas pra festejar: “obama”, em japonês, é “pequena praia”.

Aqui em Curitiba, batucando o pandeiro, um inacreditável sambista saído não se sabe de onde pediu mais um chope e fez a galera rolar de rir:

– Agora, alguém precisa dizer pro Lula que não é “Barraco da Brahma”. É Barak Obama!

Pelo sorriso de Obama e pela afeição que ele provoca, vê-se que Mr. President é bem, humorado, um camarada de espírito. O respeito que ele inspira está escrito na análise da jornalista Míriam Leitão: “A vitória de Obama, primeiro presidente negro da história americana, produzirá transformações sociais muito além da fronteira. Toda criança negra, de qualquer país do mundo, toda criança de qualquer grupo discriminado crescerá recebendo a mensagem de que barreiras podem ser superadas. Mesmo as que pareciam intransponíveis”.

Foi o que ocorreu no Brasil com a eleição de Lula em 2002. A sua vitória marcou a possibilidade de um brasileiro de origem humilde, fora da elite econômica ocupar a presidência da República.

Se o curitibano votasse para presidente dos Estados Unidos, Obama só perderia para o Beto Richa. Estou exagerando, sairiam empatados. Entretanto, ao se despedir, John McCain ganhou o meu voto. Transpareceu no caráter um sujeito de quem compraríamos um carro usado. Herói de guerra, do tempo da revista Seleções do Reader”s Digest, ele é o próprio “meu tipo inesquecível”. McCain saiu do campo de batalha com um discurso de vitorioso: “Esta é uma eleição histórica, e reconheço o significado especial que ela tem para os afro-americanos e para o orgulho todo especial, que deve ser deles nesta noite”.

Barak Obama falou e disse que “tudo é possível”. Ele reprisou várias vezes o “Yes, we can” (sim, nós podemos), um dos lemas de sua campanha.

Sim, nós podemos mandar George W. Bush para o quinto dos infernos.