Os anjos pornográficos

Cada vez que entro em uma livraria e vejo pilhas e mais pilhas de “Cinquenta tons de cinza” me vem à cabeça que esta pode ser uma ponte para outras obras da literatura erótica. De certa forma, as aventuras de Christian Grey e Anastasia Steele colocaram nas mãos do grande público um gênero literário que parecia esquecido.

Mas o erotismo é tão presente na literatura que nem nos damos conta. No Brasil, por exemplo, Nelson Rodrigues sempre usou o sexo e o jogo sensual da conquista como pano de fundo para suas histórias. Vale lembrar que sua peça “Anjo negro” está há alguns anos entre os livros escolhidos para o vestibular da UFPR. O baiano Jorge Amado sempre se valeu da sensualidade da mulher brasileira para construir seus textos. Quem não se lembra de  “Dona Flor e seus dois maridos”, “Tieta” e a mítica Gabriela de “Gabriela, cravo e canela”?

Lá fora, a literatura erótica já foi motivo até para prisão. O famigerado Marquês de Sade foi preso em 1768 (isso mesmo, século 18!!) pela repercussão de obras como “Justine” e “Os 120 Dias em Sodoma”. Sade, que era conhecido por levar prostitutas para seu castelo e chegou a ter um caso com a cunhada, ajudou a popularizar um gênero que de novo não tem nada, mas parece se reinventar com o passar dos anos.