Século

A excelente repórter Elaine Felchacka pergunta-me se o Atletiba de domingo é o Atlétiba do século. Respondi que não. Mas a maioria dos colegas disseram que sim.

Adotar o jogo de domingo como o Atletiba do século é aceitar a verdade de que somos donos de um futebol de província.

De um lado, o Atlético, cujo o objetivo é ganhar para eventualmente não ser rebaixado para a segunda divisão. Do outro, o Coritiba, que badalado pelo marketing de resultados ocasionais, disputa uma vaga para a Libertadores, que não é inédita na sua história.

A grandeza de um jogo não está limitada a rivalidade, nem na importância da conseqüência.

O novo século começou há onze anos. Será que é impossível ter um Atletiba decisivo de título nacional no resto deste século? Se a resposta for negativa, então, temos que assumir que somos definitivamente pequenos.

É um Atletiba que mostra a limitações dos nossos grandes clubes. Jogar a Libertadores, o Atlético já jogou três, e foi vice de uma, só não sendo campeão, porque foi tirado da Baixada pela influência política do São Paulo. Ser rebaixado para a segunda divisão, os Coxas já foram duas vezes. No entanto, continuaram vivendo intensamente.

O Atlético de domingo é o Atletiba de domingo.

Consolo

Há um mês, quando o Atlético já se tornara inquilino da zona de rebaixamento, Mário Celso Petráglia foi jantar com o jornalista Fabio Campana (editor da excelente “Idéias”), e um advogado, no restaurante La Pasta Gialla, na Praça Espanha.

À certa altura da conversa, com ar de um pai rigoroso, quase sem sentimento Petráglia falou: “Por um ponto é bom o Atlético ser rebaixado, para que essa nova geração de torcedores aprenda a sofrer um pouco e dar valor as coisas que tem”.

Depois do silêncio de um segundo, o advogado se engasgou com a bruschetta, e Campana sorriu.