Obra prima

Sabe-se que nada que é humano pode nos ser estranho.

No almoço em casa, entre a minha amada, filhas, genros e netas, perguntaram-me: vai torcer contra os Coxas? Respondi: já passou o tempo de sofrer na quarta pelo Atlético, e na quinta contra o Coritiba. Aquele, é um sofrimento nobre; esse, nos dias de hoje, é um sofrimento burro. Bem por isso, preparei-me para ver os Coxas jogarem contra o poderoso Palmeiras. Quando o sentimento é obrigado a ser imparcial, os olhos só veem o que é verdade.

Coritiba 6 x Palmeiras 0. Não gosto de comparações. É que comparações, às vezes, são excessos.

Mas como sou da outra banda, posso fazê-las. Quando vi o lateral direito Jonas perder um gol deslocado pelo lado esquerdo, lembrei de um sistema que foi consagrado como futebol total.

Lembra o leitor da “Laranja Mecânica”, de Cruyff, criada por imortal Rinus Michels? Pois no irrepreensível jogo que os Coxas fizeram lembrei do futebol total da Holanda dos anos 70.

Não venham os teóricos dizer que o Coritiba fez isso e aquilo. Simplesmente, atendeu com perfeição o princípio insuperável do futebol: ocupou espaços com homens e com a bola.

Quando escrevi que Léo Gago foi o melhor do Campeonato Paranaense, não me compreenderam.

Pois ontem beirou a perfeição, seguido de Davi. Mas o autor da obra final foi Marcelo de Oliveira, o técnico.

De primeira

Como os Coxas ocuparam o espaço, amanhã escrevo sobre o julgamento do Rio Branco. Repito: a contradição da decisão deu um gancho para a salvação do Paraná.