Solidão

Condenado por ato das organizadas, o Atlético continua pagando a sua pena com dignidade: se antes jogava bem longe e ganhava, agora joga na Baixada vazia, e continua vencendo. Ontem, venceu o Criciúma por 2×0 e entrou no G4.

A certa altura deste jogo, em que o silêncio só era quebrado pelo toque de bola do Furacão, conclui: a inevitável pena, que subtraiu o direito de mando, e agora milhões de reais, está servindo para alguma coisa. Vinícius de Moraes escreveu que “mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão”. Que me perdoe o poeta, mas nem sempre, porque tem espécie de solidão que faz bem. Eu quero dizer é que esses meninos do Atlético, ficando incomunicáveis por terem que jogar em campo alheio, contra torcidas estranhas, amadureceram. Ganharam uma personalidade tão forte para enfrentar todas as situações do futebol, que cresceram anos, em três meses. E, às vezes, nem precisam de 90 minutos para ganhar um jogo.

Ontem, no reencontro com Paulo Baier, ídolo de todos eles, precisaram jogar bem apenas 10 minutos no segundo tempo para ganhar com folga do Criciúma. Douglas Coutinho pelo passe para o gol de Marcelo, por seu gol e porque abriu o Criciúma, foi o melhor em campo.

Estranho

Às vezes quero sentir pena de Alex, mas falta alguma coisa e não sinto. Prefiro sentir tristeza de nesta época de pobreza técnica, ver tanto talento desperdiçado nesse Coritiba.

Contra o Botafogo, na nova derrota (1×0), Alex tentou de tudo. Ele que tem o direito de só andar, correu. Ele que tem o direito de errar, acertou.

Fora Alex, parece que o time de Celso Roth está resignado com a derrota como rotina. Seu limite está sendo um esforço eventual para perder de pouco, como nessa derrota para o Botafogo. E perder só de 1×0, quando a derrota é inevitável, torna-se, ainda mais perigoso, porque acomoda os perdedores em apenas um detalhe.