Explode coração

Às vezes a gente ralha com o coração, mas logo volta a se entregar. Nunca se sabe como terminará o caso. Diria Fernando Pessoa: “Quer pouco: terás tudo. Quer nada: serás livre. Não só quem nos odeia ou nos inveja nos limita e oprime; quem nos ama não menos nos limita”.

Quantas vezes deixamos o estádio praguejando contra o time do coração, jurando abandono e de nunca mais voltar. Tudo por causa daquela bola perdida no meio, seguida do golpe fatal; daquele gol já consumado no coração, mas que de repente se torna uma perda como se fosse da própria vida; daquele gol salvador, que não aparece mais nem na ilusão do final do jogo, mas que de repente surge, como arremate de um toque divino.

É nesse contraste de sentimentos que está a beleza do amor. São esses conflitos interiores que criam um suspense eterno.

Quantas vezes voltei, pensando que o tinha abandonado. Lembrava que Kafka, ao ser indagado se não tinha esperanças, respondia que “esperanças há muitas, mas não para nós”. Até que aprendi lendo Oscar Wilde, “que sofrer é o nosso meio de existir, pois é o único pelo qual ganhamos consciência de fazê-lo”.

O Clube Atlético Paranaense é feito disto: casos e reflexões em torno do amor e do sofrimento, que por explodirem todos os dias, e há 85 anos, é um dos maiores do Brasil. Do Paraná, nem se discute.

Não dá mais para segurar, diria Gonzaguinha.

Explode coração!