Agradecimentos

Já passou meu tempo de ter ídolos. Perdi a inocência, afastei-me das ilusões. Às vezes, tenho medo de me esvaziar como torcedor, pois o futebol adotou tamanho mercantilismo, que até pelo ideal se faz preço. As coisas hoje, compreendem-se com os olhos, e não com o pensamento.

Mas se o meu tempo de ídolos já passou, ainda retenho os princípios, que dispõem da obrigação de praticar o respeito, mesmo quando somos obrigados a tomar atitudes pouco compreendidas.

Não há nada demais em demitir e ser demitido. É sobre essa situação que circula o homem. Trabalha como um trânsito de vida. O que às vezes nos domina, é o sentimento de perda. A relação torna-se tão intensa, que passa das arquibancadas, transformando-se em um valor ao qual queremos eternizar.

O sentimento da torcida atleticana pela demissão de Geninho pode ser de perda. Mas não deve, porque, como escreveu Fernando Pessoa, um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é.

O dia da sua demissão foi tão importante quanto o da chegada. Deixou uma lembrança e uma lição: a de que foi ele que comandou o time campeão brasileiro, e que o homem para ser conquistador no futebol não precisa ser obrigado a desviar-se de princípios éticos.

Comovido, agradeço a Geninho.

Demissão

O Atlético parece moderno, mas não é. A natureza personalista e passional das suas decisões, faz com que adote métodos que não guardem identidade com o seu projeto de gerenciamento moderno. A demissão de Geninho nada mais foi do que a execução de um projeto pessoal do presidente Mário Celso Petraglia, que nunca negou sua antipatia pelo treinador.

A demissão de Geninho foi o exercício do poder. O equívoco de Mário Celso não está no ato em si de demissão, mas pelo fato em seu conjunto, que indica ações impulsionadas pelo lado pessoal e passional.

É a natureza de Mário, que antes tinha um controle. Hoje, por ser isolada, gera conseqüências imediatas, sem saber se estão dentro de um limite ou não.