Uma história

Um atleticano, entre tantos que não conheço e me param na rua, pergunta-me: “O que você acha: os Coxas ganham o título do Vasco?” Poderia lhe ser agradável e responder o que ele queria ouvir: não! É que me lembrei de 1985, ano em que o Coritiba ganhou o título brasileiro. Contei-lhe uma história.

Trabalhando na extinta Rádio Independência e no Jornal do Estado, falava e escrevia, sem esconder o querer de que o Coritiba não iria passar do Santos. E estava indo embora do campeonato (o Fluminense se classificaria) quando no último segundo Lela venceu o goleiro Marola, e marcou: 1 x 0.

Querendo ajeitar o querer, continuei escrevendo e falando: agora, contra o Atlético Mineiro, os Coxas param. O 1 x 0 aqui (gol do zagueiro Heraldo) parecia muito pouco para suportar o Galo na volta. Desprezei que no jogo do Mineirão o goleiro era Rafael Camarota (o melhor do Brasil na época) e o árbitro era Luiz Carlos Felix. Entre outros milagres, Rafael tirou uma bola que passara a linha do gol. Felix viu, mas mandou tocar o baile.

E aí veio a final contra o Bangu. No Maracanã? Contra o time do Castor de Andrade? Com Romualdo Arpi Filho no apito? Coitados dos Coxas, escrevi e falei. Nos pênaltis, Coritiba campeão do Brasil. Nunca achei mais nada. O que entendo desta final contra o Vasco, escreverei outro dia.

Velho guerreiro

Era de Chacrinha: nada se cria tudo se copia. Milton Leite, do SporTV, é hoje o melhor narrador de televisão de futebol no Brasil. Conta o jogo com perfeição, sem medo de dar opinião, sem errar nome de jogadores, criou uma forma agradável que é a de quebrar a rotina da narração, variando o tom da voz, usando jargões próprios. O diálogo imaginário entre os personagens de um jogo é o corolário do seu talento. Depois de Osmar Santos, ninguém inovou tanto em narração como Milton Leite. Pois agora, é Milton que está sendo copiado. Como Osmar, mal copiado.