Jogo sem l

O futebol não tem lógica, dizia-se antigamente, para resumir que tudo era possível. Mas dizia-se, também, que futebol é 11 contra 11, partindo de um equilíbrio ou de uma igualdade.

O futebol mudou tanto que esses princípios de arquibancada não suportaram. O futebol adotou a lógica como referência para as previsões e, em vez de 11 contra 11, o futebol passou a ser 11 para cada lado, ganhando, em tese, o 11 melhor.

Não é sofisma ou jogo de palavras. Mas não tem como teorizar sobre o que espera pelo Atlético, hoje, no Beira-Rio, contra o Internacional. Arriscar palpites fora da lógica e de que os gaúchos formam um 11 melhor, seria aumentar a ilusão, que ainda carrega do torcedor atleticano.

No entanto, o time escalado por Geninho tem uma coisa que o Atlético não teve até agora: saúde, inclusive física, para alcançar a superação. Não concordo que o time esteja desfalcado. Desfalques mesmo são Valencia e Rafael Moura, porque com Alberto, Fernando, Kelly, Joãozinho e Júlio César, o time não pode contar. E, em forma, Gustavo Lazzaretti é melhor que Rhodolfo.

Talvez Geninho tenha sido obrigado a escalar o time que alcance o milagre. Às vezes, é preciso renovar os deuses.

Discurso

O Coritiba joga amanhã, no Couto Pereira, contra o Goiás e já se sabe: se não ganhar, a torcida vai vaiar, a crônica vai criticar, e então vai se criar a idéia de que o time alcançou o máximo que poderia.

Não deve ser fácil o trabalho de Dorival Júnior. Como técnico, aliás, grande técnico, mais do que ninguém, Dorival sabe que seu time está no limite. Uma nova jogada de bola parada, uma alternativa tática para criar um lance eventual, e nada mais. A não ser o discurso de motivação, que, às vezes, serve para esconder as deficiências de qualquer time.

O que o Coritiba começa a sofrer é o mesmo colapso de todo o clube de mercado acessório no Brasil, como é o paranaense. Os melhores jogadores começam, involuntariamente, a perder objetivos da disputa, e pensar na janela de dezembro. Keirrison e Paraíba não estão assim?