A façanha do ex-goleiro Altevir

Com raízes profundas em nosso futebol amador, Altevir Sales teve as maiores glórias no profissionalismo. Antes e depois de sua presença entre as grandes forças do futebol profissional paranaense e de outros estados, deixou marca registrada na suburbana, que ele recorda com muito carinho. Sua longa história foi contada em detalhes ao nosso colaborador Mussum, que apresentamos a seguir:

“Foi no Operário Mercês que comecei minha carreira de jogador de futebol, aos 16 anos, onde, depois de fazer quatro partidas no 2.º quadro, o técnico me escalou no time principal, num jogo com o Iguaçu, no Estádio Egydio Pietrobelli, em Santa Felicidade. Foi no ano de 1965 (2×2 o resultado). No final do primeiro turno daquele campeonato, me transferi para o juvenil do Britânia, onde fiquei por quatro anos, ganhando o bicampeonato da categoria. Em 1969, com 21 anos, subi para a categoria profissional, indo defender as cores do Guarani de Ponta Grossa (vice da temporada). Fui contratado pelo Coritiba, em 1970, para ser o 3.º goleiro no Alto da Glória. Em 1971, o Cascavel, chamado “ninho das serpentes”, me levou para aquela cidade. Fui emprestado, no segundo semestre, para o Grêmio Maringá. Em 1972, após fazer um bom campeonato pelo Cascavel, para onde eu havia retornado, a diretoria abriu as portas para meu ingresso no Clube Atlético Paranaense. Permaneci no Atlético até 1977, onde detive o recorde do campeonato com quase doze partidas sem tomar gol, perfazendo o total de 1.060 minutos. O gol aconteceu num Atletiba (1×1) depois de uma vitória de um a zero e cinco empates de zero a zero. O ano de 1978 marcou minha volta ao Alto da Glória, dessa vez para ser o goleiro número um. Obtive, pelo Coritiba, a melhor média de gols sofridos em um só campeonato: 23 partidas e 21 gols apenas. Minha despedida no Alto da Glória foi com o título de campeão de 1979, indo posteriormente atuar no campeonato paulista defendendo o Botafogo de Ribeirão Preto. Em 1982 voltei para guarnecer a meta do Atlético Parananese (4.º colocado). Em 1983 defendi a Francana de São Paulo, onde, no ano de 1983, além de jogar de goleiro, comecei minha carreira de treinador da equipe. No 2.º semestre fui emprestado ao Orlândia, do interior paulista. Em 1985 voltei ao Botafogo de Ribeirão Preto, e no término do campeonato, recebi convite para defender o CSA de Alagoas. mas a proposta da Empresa de Aço Gerdal falou mais alto e encerrei minha carreira no futebol profissional. Voltei para Curitiba em 1986, e após 20 anos de minha estréia no Operário Mercês, retornei àquele time, transformado em clube social, fazendo parte do grupo de amigos da infância, reunindo o time dos velhos pescadores com sede naquele local. Um convite do Edson Simioni, em 1993, fez com que eu me tornasse técnico do Trieste FC. Quando meu trabalho se desenvolvia positivamente no Trieste, fui convidado a treinar o Vila Hauer, onde o presidente Wilson Dias pretendia arrumar a equipe, que era boa, mas estava sendo mal aproveitada. Notei que três jogadores de vital importância estavam no banco de reservas: Dunga, um senhor zagueiro, Márcio Fernandes, meio-de-campo, e Ira, atacante. Essas peças se encaixaram perfeitamente no elenco que conquistou brilhantemente o título. No ano seguinte, o objetivo não foi alcançado com relação ao bicampeonato. Parei por uma temporada e, em 1998, aceitei convite do Iguaçu de Santa Felicidade. Em 1999 voltei ao Trieste (3.º colocado). Outra vez no Iguaçu em 2000. O Vila Hauer vinha capengando em 2001 e eu voltei para tentar arrumar a situação do time naquele campeonato. Boa campanha no final e ótima presença na Taça Paraná, embora com elenco reduzido (vice).

No corrente ano, passamos por uma das piores fases, com cinco derrotas nas seis primeiras rodadas, mesmo assim a diretoria mostrou-se compreensiva aceitando os resultados negativos. Fui mantido como técnico, fato que não acontece em clube algum e o time melhorou bastante nas rodadas finais sem contudo alcançar a sonhada classificação. Com alguns jogadores do Vila Hauer, fui técnico do time 3.º colocado na Copa Folha de Tamandaré (Madeireira Santa Cândida).”

Tristezas

“Num jogo Britânia x Ferroviário, fui escalado para defender o time principal mas o presidente do Tigre chamou o técnico e pediu para que eu fosse substituído, segundo ele, para não me queimar porque o jogo era de alto risco.”

“Num dos jogos do Guarani de Ponta Grossa, o jovem zagueiro Zé Roberto sentiu-se mal e desmaiou em campo. Posteriormente faleceu vítima de leucemia.”

Hoje

“Altevir Sales, com 55 anos de idade, é representante comercial em atividade, casado, pai de dois filhos (um deles é representante comercial e outro jogador do Atlético).”

Histórico

Altevir disputou 27 atletibas. Ganhou dois jogos pelo Coritiba e 25 pelo Atlético.

Ficha

Nome completo: Altevir Guilhem de Sales. Nascido em Curitiba, dia 21 de agosto de 1948. Goleiro e técnico de futebol. 1,87m de altura.