Descongestionante nasal pode causar dependência

Em todo o território nacional são vendidos livremente em farmácias e drogarias dezenas de descongestionantes nasais. Há diversas marcas produzidas por vários laboratórios. Os produtos, que inicialmente podem trazer alívio e bem-estar a quem os utiliza, também podem causar dependência física ou psicológica, além de uma série de malefícios à saúde.

Segundo o otorrinolaringologista Rodrigo Guimarães Pereira, os descongestionantes na maioria das vezes não são receitados por médicos, mas por vizinhos, amigos e familiares que já os utilizaram e desconhecem os perigos do uso prolongado. “Geralmente, a procura pelos descongestionantes é expontânea, isso é, sem indicação médica e feita por pessoas que possuem algum tipo de doença no nariz, como renite vasomotora ou alérgica”, conta Rodrigo. “O paciente utiliza o medicamento e acaba criando um hábito bastante freqüente em busca da desobstrução. Com o uso prolongado, o efeito do medicamento se torna cada vez menor. Assim, algumas pessoas começam utilizando o remédio durante a noite e, quando vêem, estão utilizando um frasco inteiro de três em três dias.”

Algumas pessoas têm uma dependência psicológica tão grande que, ao dormir, se sentem desconfortáveis se o frasquinho de descongestionante não estiver do lado da cama. A secretária A.G., de 26 anos, começou a utilizar descongestionantes para dormir por conselho do marido, após uma gripe forte. Atualmente, ela usa o produto de duas em duas horas e já desenvolveu rinite medicamentosa. “O médico já alertou que terei que operar, pois estou com uma carne esponjosa que obstrui minhas narinas”, conta.

Além de carne esponjosa, a utilização prolongada dos descongestionantes pode causar outros males ao nariz, como perda da função de limpeza. O uso indiscriminado pode contribuir com o aparecimento de problemas cardíacos, principalmente em pessoas hipertensas ou com alguma alteração cardíaca crônica, e aumento da pressão intra-ocular (glaucoma). Os medicamentos também não devem ser utilizados por pacientes que já sejam portadores de glaucoma ou retenção urinária, lactentes, gestantes e com doenças mentais graves.

Fim do problema

Para se livrar do hábito, alguns médicos aconselham os pacientes a utilizarem o descongestionante em apenas uma narina até que ela volte ao normal e, na seqüência, na outra, até que ela também se normalize, ou diluam o produto em soro fisiológico. Porém Rodrigo Guimarães acredita que a maneira mais correta é parar de utilizar o medicamento de uma só vez após avaliação de um otorrinolaringologista para tratar as causas do problema.

“Os descongestionantes tratam os sintomas de uma renite ou de outros problemas respiratórios que, muitas vezes, o paciente nem sabe que tem”, lembra o médico. “O certo é procurar o médico e saber os motivos pelos quais o nariz fica obstruído. Muita gente erroneamente acredita que a obstrução é uma coisa normal, não dá importância ao problema e acaba não procurando um especialista.”

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