Incontinência urinária ainda é assunto pouco discutido

Para não passarem por situações constrangedoras, as pessoas que sofrem de incontinência urinária aprendem, por obrigação, a calcular o tempo em qualquer tipo de situação.

Seja em uma ida à missa, ao shopping ou ao cinema. Até mesmo uma simples caminhada é motivo de preocupação, afinal não dá para passar muito tempo sem um banheiro bem perto.

Apesar dos milhões de brasileiros (cerca de 1 para cada grupo de 25 pessoas) que sofrem diariamente com os sintomas da doença, poucos procuram orientação médica, muitas vezes por vergonha ou falta de informações.

Quem tem incontinência urinária e não trata vive assim, uma vida pela metade. Em qualquer lugar, pode aparecer a vontade incontrolável de fazer xixi e o organismo não esperar a ocasião certa para se aliviar.

O problema, caracterizado pela perda involuntária de urina, pode vir acompanhando ou não da síndrome da bexiga hiperativa (vontade excessiva e urgente de urinar), provocando restrições pessoais e sociais, além de alterar significantemente a rotina diária dos seus portadores.

Embora os idosos apresentem o problema com mais frequência, jovens e até crianças não estão imunes à  disfunção, porém a prevalência é bem menor. Apesar do desconforto, muitos portadores não procuram ajuda médica, pois acham que a incontinência urinária é um fato normal da idade. Outros não buscam auxílio porque se sentem constrangidos com o distúrbio.

Sofrimento desnecessário

A perda de urina causa restrições sociais, sexuais, ocupacionais e domésticas. Os pacientes se isolam com medo de passar por situações constrangedoras em viagens, festas e, até, em atividades rotineiras e no trabalho.

De acordo com o urologista José Carlos Truzzi, esse isolamento pode, sim, resultar em depressão. “Por isso, é importante ficar atento aos sintomas, uma vez que muitos pacientes escondem o problema da própria famí­lia, adiando a resolução do problema”, reconhece.

A maioria das vítimas, no entanto, sofre desnecessariamente. Com novas técnicas médicas, a incontinência pode ser curada ou, pelo menos, administrada de maneira adequada.

“Mais de 85% dos que sofrem da doença podem ser totalmente curados. Outros 10% podem ter melhora significativa e os 5% restantes podem levar uma vida mais confortável”, garante o urologista Paulo César Rodrigues Palma.

A causa da incontinência pode estar na bexiga e no músculo que a controla; na uretra (tubo que carrega a urina para fora da bexiga); no esfíncter uretral (mecanismo que lembra uma válvula e que abre e fecha a saída da bexiga – função que na mulher é exercida pela uretra); nos músculos do assoalho pélvico, que apóiam a bexiga; ou nas vias dos nervos espinhais, que levam sinais da bexiga ao cérebro.

Enfraquecimento do esfíncter

Os especialistas dividem a incontinência em dois tipos: incontinência por esforço e incontinência com urgência. A incontinência por esforço ocorre quase sempre em mulheres, num momento de esforço físico: tosse, espirros, riso, ao levantar peso e até ao subir escadas.

Isso acontece em decorrência do enfraquecimento do esfíncter, muitas vezes após o parto normal, quando qualquer pressão exercida sobre a bexiga força a passagem da urina. Normalmente os músculos do assoalho pélvico também ficam enfraquecidos, fazendo com que o colo da bexiga desça, diminuindo a eficácia do esfíncter.

A incontinência com urgência, recorrente tanto em homens quanto em mulheres, é a incapacidade de “prender” a urina e pode ser resultante da hiperativ,idade do músculo da bexiga.

Para curar a incontinência por esforço, um programa de exercícios para fortalecer o músculo do assoalho pélvico, pode ser suficiente. As atividades, que envolvem a contração e o relaxamento desses músculos, levam apenas alguns minutos e podem ser feitos em casa.

Há ainda uma série de procedimentos que podem ser indicados. Medicação oral, exercícios, reeducação alimentar e aplicação de toxina botulínica. No caso de mulheres na pós-menopausa, podem ainda ser usados cremes hormonais vaginais.

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