Desinformação atrapalha combate às hepatites

Com a chegada do Carnaval é preciso se proteger contra a hepatite B, que é transmitida quando o sangue ou líquidos orgânicos contaminados penetram na corrente sanguínea.

A atividade sexual é uma das principais maneiras de contaminação. De acordo com especialistas, há 20 vezes mais chance de se contrair a hepatite B do que a aids durante uma relação sexual sem proteção. Um estudo aponta que cerca de 70% dos casos de transmissão de hepatite B acontecem por relações sexuais.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que perto de 400 milhões de pessoas no mundo são portadoras da hepatite B. A doença provoca a morte de pelo menos um milhão de pacientes anualmente, face ao comprometimento do fígado, que pode levar aos quadros crônicos da doença. No Brasil, a estimativa é de que o número de infectados passe de dois milhões, dos quais apenas 3% recebem tratamento adequado.

A hepatite B é uma doença infecciosa e sexualmente transmissível. Segundo o especialista Hugo Cheinquer, professor de hepatologia, a doença é causada pelo vírus HBV, podendo ser transmitida de forma vertical (de mãe para filho durante a gestação ou o parto).

A vacina contra a hepatite B faz parte do calendário oficial de vacinação, está disponibilizada gratuitamente nos postos de saúde e protege a pessoa pela vida toda.

Como a vacina passou a ser administrada recentemente, muitos adultos não foram vacinados e correm o risco de infecção pelo vírus HBV.Para Cheinquer, um problema real que as autoridades de saúde devem estar atentas para solucionar.

Carga viral

Pesquisas desenvolvidas no Brasil e no exterior têm levado os especialistas a rever a forma de tratamento da hepatite B crônica. Até recentemente, o tratamento da hepatite B estava restrito aos casos em que a maior agressividade da doença estivesse documentada. Assim, do universo de portadores do vírus, não mais que 30% recebiam tratamento.

Os novos conceitos, ainda em fase de aprimoramento, se concentram na carga viral (quantidade de vírus circulando) como fator principal da decisão terapêutica.

“Esse é um conceito muito próximo daquele utilizado no tratamento do HIV”, reconhece o médico Raymundo Paraná, coordenador do grupo de estudos de hepatite Brasil-França.

Posição compartilhada por Hugo Cheinquer, pois para ele, apesar da doença crônica ainda não ter cura, a redução da carga viral se reverte positivamente na melhora da história natural da doença e na redução dos desfechos mais graves relacionados a ela.

Raymundo Paraná reconhece que para esse novo enfoque contribui, sobremaneira, os novos medicamentos que trazem maiores perspectivas para médicos e pacientes, entre eles o entecavir, que tem se mostrado um potente inibidor do vírus e também uma alternativa para pacientes que já desenvolveram resistência às drogas utilizadas tradicionalmente. “Uma nova esperança para quem os tratamentos se tornaram ineficazes”, avalia.

Conheça as diferenças entre as hepatites B e C

Voltar ao topo