Diagnóstico precoce ajuda na cura do câncer de rim

A pessoa começa a perder peso e ter febre. No entanto, não dá a devida atenção por conta de seu dia a dia e continua mantendo sua rotina normal. Até o momento em que aparece outro sintoma, como dor abdominal.

Imagina ser uma infecção de algo que comeu há algum tempo atrás. Decide ir ao médico, que lhe solicita exames mais específicos. Após avaliá-los, o especialista diagnostica como câncer de rim.

“No instante da descoberta de um tumor, a pessoa deve tentar manter a calma”, afirma o oncologista clínico Oren Smaletz, salientando que, apesar de ser um momento difícil, o paciente precisa saber da existência de tratamentos que podem melhorar sua qualidade de vida, independentemente do estágio em que se encontra a doença: precoce ou avançado.

Um estudo nacional sobre o câncer renal realizado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) aponta que 73% das pessoas receberam o diagnóstico de câncer de rim depois de passar por um ultrassom abdominal por outro motivo.

Segundo o especialista, o diagnóstico precoce faz a diferença. “Nesse estágio, o percentual de cura em tumores pequenos ultrapassa os 80%”, completa o médico. No entanto, de acordo com o estudo, quase 40% dos casos de câncer de rim, por exemplo, são diagnosticados quando o tumor está nos estágios avançados e com poucas chances de cura.

As causas do surgimento do câncer de rim não são totalmente conhecidas. Entretanto, fatores, como tabagismo, obesidade, herança genética e hipertensão consistem em fatores de risco para o desenvolvimento da doença.Conforme os dados da pesquisa, a hipertensão e a obesidade em 46% e 18%, respectivamente, são os mais frequentes fatores de risco para a doença.

Terapia-alvo

Representando cerca de 85% dos tipos de tumores nos rins, segundo a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, o carcinoma de células renais (CCR) é um tipo de câncer de rim bastante agressivo e, até pouco tempo, com poucas opções de tratamento.

A doença representa, aproximadamente, 2% dos novos casos de câncer e causa cerca de 100 mil mortes anualmente no mundo. Em relação aos tratamentos, a cirurgia para retirada do tumor é a forma mais indicada nos casos mais precoces.

Porém, apesar da remoção por cirurgia, o tumor retorna em 33% dos pacientes. Nesses casos, outras terapias podem ajudar, mas somente um especialista pode prescrevê-las adequadamente.

Uma nova e grande aliada no combate aos diversos tipos de câncer é a terapia-alvo, que tem como principal característica a seletividade da ação. Esse tratamento atinge preferencialmente partes importantes das células tumorais e age diferentemente da quimioterapia tradicional – que ataca todas as células que se multiplicam rapidamente, sem fazer diferenciação entre as saudáveis e as tumorais. Por ter ação tão específica, esses medicamentos provocam menos efeitos colaterais. 

Nos últimos cinco anos, o tratamento ao câncer de rim está entre os que mais avançaram. Isso só foi alcançado pelo desenvolvimento de novos medicamentos, elaborados a partir de uma maior compreensão da biologia do tumor de rim.

“Com isso, os pacientes ganharam mais opções terapêuticas e, consequentemente, estão vivendo mais e com melhor qualidade de vida”, conclui Smaletz.

Doenças crônicas

“Nos últimos 30 anos, o padrão de consumo alimentar da população brasileira deteriorou-se muito”, afirma o nutricionista Fábio Gomes, do Inca. Segundo ele, os brasileiros estão substituindo alimentos tradicionais e saudáveis da dieta, como a combinação arroz e feijão, por bebidas e alimentos altamen,te processados, densamente calóricos e com baixa concentração de vitaminas e minerais, como os refrigerantes e biscoitos, que tiveram o consumo aumentado em 400% nas últimas três décadas.

Entre os cinco principais fatores de risco para as doenças crônicas não-transmissíveis, três estão intimamente relacionados com a alimentação: hipertensão (ou pressão alta), colesterol alto e excesso de peso.

Esse número aumenta para quatro se o álcool for incluído. Por esse motivo, a promoção de práticas e hábitos alimentares saudáveis contribui decisivamente para a reversão do atual quadro epidemiológico e nutricional da população brasileira e mundial, prevenindo tanto o câncer quanto as doenças cardiovasculares e o diabetes.

No caso do câncer, a combinação de alimentação saudável com a prática regular de atividade física e o controle do peso é capaz de prevenir 63% dos tumores de boca, faringe e laringe; 60% dos tumores de esôfago e 52% dos casos em que a doença atinge o endométrio.

Os dados, específicos para o Brasil, fazem parte do relatório Políticas e Ações para a Prevenção do Câncer no Brasil, Alimentação, Nutrição e Atividade Física lançado pelo INCA em parceria com o Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF).

Os números revelam ainda que 41% dos tumores de estômago, 34% de pâncreas e 37% do intestino grosso (colorretal) poderiam ser evitados por meio dessa combinação da alimentação saudável, atividade física e peso adequado.

No total, 19% de todos os cânceres poderiam ser evitados por meio desse tripé. No caso específico de 12 tumores, este percentual chega a 30%: boca, faringe e laringe; esôfago, pulmão, estômago, pâncreas, vesícula, fígado, intestino grosso (colorretal), mama, endométrio, próstata e rim.

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