Adolescentes também devem ir ao urologista

Uma das preocupações das mães é levar suas filhas às consultas ginecológicas no começo da adolescência.

Situação que se repete com mais frequência no passar nos anos. Esta preocupação não tem a mesma intensidade no caso de filhos homens. Mas, deveria.

Consultar um urologista é necessário em várias ocasiões durante a vida, e, não somente após os 50 anos de idade, quando a andropausa e outros problemas comuns relacionados ao envelhecimento começam a rondar a saúde do homem.

Ainda na infância, o urologista atende por encaminhamento pacientes pediátricos com moléstias urogenitais.

A fimose e a hidrocele são as causas mais comuns de atendimento urológico na infância.

Na adolescência, o acompanhamento urológico também se faz necessário, principalmente, quando o garoto entra na puberdade, antes de iniciar a vida sexual e depois que já ter iniciado.

“A partir desse momento é importante que seja realizada uma consulta anual periódica, ou, no momento, em que ele perceba qualquer modificação nos seus órgãos genitais”, reconhece o andrologista Rodrigo Lessi Pagani.

Orientação

Conforme o especialista, um dos objetivos do acompanhamento urológico durante a adolescência é preservar a capacidade reprodutiva do jovem. Para quebrar a resistência natural do adolescente em consultar diversos especialistas, o médico recomenda aos pais que o adolescente deva participar da escolha do seu médico.

“Ele pode pedir uma indicação a outros profissionais – como pediatras, por exemplo – que já o assistem há algum tempo ou a amigos que já consultaram um urologista”, observa.

O adolescente deve ser orientado a procurar serviços médicos que trabalham com pessoas da sua idade, ou pesquisar, antes da consulta, se o médico tem experiências com jovens.

Outra forma de fazer a escolha do urologista é marcar a consulta e fazer apenas a primeira etapa dela. Assim como acontece com as meninas, os garotos também têm o direito de primeiro conhecer o médico, para depois, se deixarem examinar.

Contradições

Falar, pensar e fazer sexo sempre foram considerados comportamentos típicos do “macho”. Poucas vezes, é dado aos adolescentes, o direito de ter dúvidas, de tomar alguns cuidados e, principalmente, de aprender sobre seu corpo, seu comportamento sexual e de respeitar as etapas do seu desenvolvimento pessoal.

De acordo com terapeutas, ninguém nasce sabendo fazer sexo. Isso se aprende da mesma forma que, por exemplo, se aprende a andar, a comer, a ler. “O garoto também precisa descobrir o seu corpo, conhecer o seu funcionamento, treinar as atividades e carícias sexuais, ter informações, esclarecer suas dúvidas e obter algumas certezas quanto a sua normalidade física”, diz Rodrigo Pagani, autor de um dos capítulos de Infertility in the Male, publicação que é referência no campo da infertilidade masculina mundial. Assim, aquela primeira consulta ao urologista é fundamental nessa trajetória.

O desenvolvimento do corpo do homem, durante a puberdade, acontece de forma desordenada, principalmente no que se refere aos genitais. As mudanças corporais geram muita angústia, timidez, insegurança, perda de auto-estima e até agressividade.

Nas questões sexuais, apesar de se mostrarem informados e independentes, os adolescentes mostram dúvidas e contradições, não importando se é menina ou menino.

Riscos à fertilidade

Durante as consultas urológicas do adolescente, é fundamental que a preservação da fertilidade seja um dos tópicos da conversa entre médico e paciente.

É preciso manter um diálogo franco e aberto com o paciente adolescente, para alertá-lo sobre os riscos que algumas condutas representam para a fertilidade masculina.

“Quanto mais informação, mais chances de prevenirmos problemas neste campo”, reconhece Pagani, que lista, a seguir, as mensagens chaves que devem ser transmitidas aos adolescentes.

U,so de drogas

anabolizantes, maconha, cocaína e cigarro têm impacto negativo na produção de espermatozóides.

Maconha e cocaína alteram as taxas de hormônios envolvidos na estimulação da produção dos espermatozóides. O problema acaba quando o uso dessas drogas é suspenso. Os anabolizantes provocam a atrofia dos testículos, fazendo com que a produção de espermatozóides caia a zero. Em 25% dos casos, o distúrbio é irreversível.

Lubrificantes

prejudicam a motilidade do esperma, dificultando a fecundação. Os lubrificantes à base de água paralisam os espermatozóides (em geral, têm outros compostos prejudiciais), impedindo-os de atingir o óvulo.

Medicamentos

alguns podem ter efeitos sobre a qualidade e a quantidade dos espermatozóides. Na lista há certos antibióticos, hormônios e drogas para gastrite, para tratamento de câncer, para hipertensão e contra a calvície (que bloqueiam a produção de testosterona).

Peso

a testosterona (hormônio masculino) é transformada em estradiol, hormônio que determina características femininas. Isso ocorre nas células de gordura do corpo. Quanto mais gordura, maior essa conversão, causando a queda na produção de espermatozóides. Por isso a obesidade é uma ameaça à fertilidade.

Estresse

altera a produção dos hormônios, efeito amplamente comprovado pela ciência. Alimentação adequada e exercícios físicos têm impacto positivo também na saúde dos espermatozóides.

Sinais de alerta

A adolescência é, segundo a pediatra Darci Bonetto, especialista na saúde de adolescentes, o momento mais delicado na vida de uma pessoa.

“É a época em que ela se desestrutura – por meio de mudanças físicas e psíquicas – para poder se reorganizar e se construir como adulto”, resume a médica, que faz parte do Departamento de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Esse é o período em que o menino e a menina imitam seus ídolos na aparência e no modo de agir.

Também, nessa fase, definem e começam a exercitar sua sexualidade e ganham metade do peso que terão quando adultos.

No caso especial das meninas, a adolescência marca a etapa em que se sofre mais a influência dos padrões de beleza divulgados pela mídia.

Algumas características que os jovens podem manifestar de uma hora para outra, no entanto, devem ser encaradas com preocupação e levadas pelos pais ao conhecimento do médico. Elas podem indicar que o adolescente pode estar com algum problema de saúde ou se envolvendo com drogas – a preocupação maior de pais e familiares. Fique atento e procure ajuda, caso perceba alguns dos comportamentos abaixo:

* Passar a dormir demais

* Mudar o comportamento, repentinamente, em casa e com os amigos

* Diminuir o desempenho escolar

* Isolar-se excessivamente

* Comer em demasia ou perder frequentemente o apetite

* Assistir televisão em excesso

* Acabar o dinheiro da mesada antes da hora

* Perceber o desaparecimento de objetos de dentro de casa

Voltar ao topo