Infecção urinária pode causar aborto

Quem já sofreu com o problema sabe que as dores causadas pela infecção urinária não são nada agradáveis. Mas ainda há quem lide bem com o desconforto e pense que ele não vai trazer nenhum prejuízo além da ardência e alguma dor nos rins. Engano grave e arriscado: a doença é a segunda causa de mortalidade em fetos de até três meses (a maioria das mortes acontece devido a alterações cromossômicas, geradas por um óvulo ou espermatozóides defeituosos).

E o maior problema é que são as gestantes que estão mais propensas a doença, graças às mudanças que o corpo sofre. “A infecção urinária é muito freqüente durante a gestação, por causa das alterações funcionais e anatômicas dos rins e das vias urinárias durante o ciclo gravídico-puerperal”, explica a ginecologista Vera Lúcia.

A doença é caracterizada pelo estabelecimento e a multiplicação de microrganismos dentro do trato urinário. “A presença de bactérias afeta o maior número de pacientes. Mas também há casos decorrentes de vírus e fungos. A urina, normalmente, não deve apresentar nenhum tipo de microorganismo, em nenhuma quantidade”, afirma a especialista.

Além de alavancar os casos de aborto espontâneo, a infecção urinária (também conhecida como infecção do trato urinário ou ITU) aumenta as chances da mulher apresentar crescimento intra-uterino retardado e do bebê sofrer com problemas de baixo peso ao nascer. “O pré-natal, realizado desde o início da gestação, previne tudo isso, já que o médico pede exames capazes de apontar qualquer alteração no trato urinário”, diz a ginecologista.

Pacientes com história de infecção urinária antes da gravidez, diabéticas e pacientes com mais de três filhos precisam ficar atentas, já que essas características aumentam as chances da doença. “Ardência, dor, dificuldade para urinar, mau cheiro e cor opaca da urina são os sintomas mais comuns da doença e principalmente as mulheres gestantes devem ficar atentas”, afirma a ginecologista.

O diagnóstico é bem simples e um exame de urina comum já é capaz de detectar qualquer alteração que ofereça riscos. “Par descobrir se a mulher está com infecção urinária o médico deve fazer uma solicitação do exame de urina tipo I e cultura de urina, durante o Pré-Natal. Esses são exames simples e não oferecem nem risco para o bebê. Normalmente são realizados com o primeiro jato de urina do dia, após uma higienização da região peri-uretral” ressalta a médica.

Remédios
De acordo com a especialista é importante frisar que as futuras mamães não podem, de jeito nenhum, consumir remédios sem consulta do especialista, já que a maioria dos antibióticos pode trazer prejuízos para o bebê. “Mesmo que a mulher esteja acostumada a tratar a ITU com um determinado remédio é importante lembrar que durante a gestação ele deve ser deixado de lado. Só o ginecologista pode indicar a opção apropriada para o período gestacional. Isso ocorre de acordo com o quadro clinico da paciente, pensando principalmente na segurança dela e do bebê”, diz a especialista.

Depois do parto
Quando a infecção urinária não é tratada corretamente, além de oferecer prejuízos para o bebê, traz riscos para a mãe, principalmente depois do parto. “O importante é não descuidar do problema durante a gestação, já que em alguns casos o problema pode persistir depois do parto de uma maneira mais forte e trazendo diversos riscos para saúde da mulher, como o mau funcionamento dos rins”, afirma a médica.