Os casais de namorados não rabiscam pulmões em pedaços de papel quando estão apaixonados. Fabricantes de chocolates não embalam bombons em caixas com formato de cérebros.
Tudo isso tem um razão de ser. O alvo é o coração, muito mais do que mera inspiração para poetas e compositores, e, sim, um símbolo de vida.
O coração é a vida. No corpo, o coração bombeia sangue para todos os lugares – para o cérebro, para que possamos pensar; para o aparelho digestivo, para que possamos processar os alimentos; para os músculos, para mantermos a força; para os órgãos sexuais, a fim de cuidar da procriação.
Só que em um abrir e fechar de olhos esse órgão tão poderoso pode parar. Mesmo quem segue à risca os conselhos dos especialistas pode, a qualquer instante, sentir uma forte dor no peito e passar por uma situação emergencial, correndo o risco de morte.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo. Todo ano, elas fazem cerca de 17 milhões de vítimas fatais. No Brasil, é a responsável por um terço de todos os óbitos do País.
“Mais de 80% dos episódios que ocorrem em indivíduos com mais de 35 anos são originados por doença das coronárias”, alerta o cardiologista Antônio Augusto Arruda Silveira Júnior.
Processo de envelhecimento
Quando o coração funciona direito, ele é nada menos do que uma máquina absolutamente perfeita. Os vasos sangüíneos que suprem os músculos do corpo estão abertos e flexíveis, expandindo-se quando necessário.
O coração é tão poderoso que pode mudar a intensidade do bombeamento de sangue de acordo com a situação pela qual a pessoa esteja passando. Pode ser exercitando-se na esteira ou refestelado no sofá da sala.
De acordo, o cardiologista Pedro Michelotto, o fator mais importante para a saúde do coração e a sua capacidade de bombeamento é o próprio suprimento de sangue.
A barreira mais comum a esse suprimento vem das doenças coronarianas, na qual as artérias se tornam estreitas ou completamente obstruídas, devido ao depósito de gorduras ou outras substâncias que vão se acumulando no seu interior, dando origem à formação de placas de aterosclerose. “Quando isso acontece, o músculo cardíaco enfraquece e o risco de infarto se torna eminente”, explica o médico.
À medida que a idade avança, o risco para a formação dessas placas vai aumentando. “As artérias como todos os órgãos sofrem um processo normal de envelhecimento, acumulando as tais gorduras e proporcionando um rápido desenvolvimento da doença”, explica o cardiologista Hélder Pereira.
Condições amplamente conhecidas, como alterações no estilo de vida, tabagismo, colesterol elevado, hipertensão arterial, diabetes e obesidade são alguns dos fatores que comprometem a saúde do coração e podem dar origem à doença coronária, mesmo entre as pessoas mais jovens. Mesmo assim, muitas pessoas não levam a sério os cuidados e desconhecem se são portadores desses fatores de risco.
Retrato de momento
No Brasil são registrados 500 mil infartos agudos do miocárdio por ano, ou seja, um a cada dois minutos. “Somente deste total, no entanto, têm tratamento adequado nos primeiros momentos após a sua ocorrência”, adverte o médico.
Conforme dados da Federação Mundial de Cardiologia, tais números comprovam um dado ainda mais preocupante: o de que as pessoas não estão se tratando corretamente para evitar a doença cardíaca.
Como regra quase geral, grande parte da população, mesmo apresentando todos os fatores de risco para as doenças cardíacas e, contrariando todas as recomendações médicas, não seguem o tratamento proposto.
Assim, quem fumava não larga o cigarro; quem é sedent,ário continua sem fazer exercício; quem se alimenta mal continua ingerindo comida gordurosa e pouco saudável. Até mesmo, uma conduta simples, como não esquecer de tomar os remédios prescritos para controlar a pressão são desprezados.
“Mesmo que o paciente leve a sério essa recomendação e controle tal fator de risco, não está livre de todos os outros que os predispõem à doença cardíaca”, completa Silveira Jr.
Dicas saudáveis
> Controlar a pressão arterial
> Reduzir o colesterol
> Abandonar o cigarro
> Controlar o diabetes
> Evitar o sobrepeso
> Controlar o estresse
> Manter uma alimentação saudável
> Praticar exercício físico