Cresce o número de doadores de medula óssea no País

O número de doadores de medula óssea no Brasil cresceu nos últimos anos. Somente no Paraná, em 2007, aproximadamente 200 mil pessoas se cadastraram no Redome – Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, número que possibilitou a realização de mais de 100 transplantes entre não-aparentados no Brasil. Existem muitas razões para esses índices positivos venham acontecendo, entre elas, a conscientização dos doadores, os esforços dos médicos e profissionais de saúde que trabalham na área e às associações que lidam com os portadores da doença.

As campanhas de doação e esclarecimentos sobre a doença, nos últimos meses, vêm ganhando uma aliada de peso, com a participação de uma personagem que sofre de leucemia na novela Sete Pecados, da TV Globo. No folhetim, Juju, interpretada pela atriz Nicete Bruno, passará por um transplante de medula óssea. O doador será seu filho Teobaldo, interpretado por Roberto Bataglin. ?Trazer um problema como esse ao grande público e mostrar como um transplante pode fazer a diferença é muito importante, pois pode motivar as pessoas a serem doadoras?, reconhece Merula Steagall, presidente da Abrale -Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia.

Divulgação e campanhas

O fato de uma personagem de novela de grande audiência ter desenvolvido a doença, podendo ter sido curada graças a um TMO – transplante de medula óssea, é bastante positivo. Em Curitiba, o cadastro para doação de medula óssea pode ser feito no Hospital de Clínicas da UFPR e no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), ambos associados ao Redome. Para a assistente social do Hemepar, Nely Maria Coimbra Moura, a divulgação ajuda muito a aumentar o número de doadores cadastrados: ?O Hemepar também faz a sua parte, realizando palestras em escolas e empresas, estimulando o cadastro?, diz. Além disso, campanhas realizadas por parentes de pacientes que precisam da doação acabam ganhando destaque e levando muitas pessoas a se cadastrarem.

Em 2008, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aproximadamente 10 mil pessoas em todo o Brasil desenvolverão algum tipo de leucemia – câncer que afeta a medula óssea, tecido responsável pela produção do sangue e que se localiza no interior dos ossos. Com a doença, o organismo produz células doentes denominadas ?blastos?, que se acumulam na medula, reduzindo a produção de células normais, causando infecções, anemia e sangramento.

Diagnóstico preciso

Especialistas ainda não descobriram quais as causas da doença, mas pesquisas apontam alguns fatores que podem contribuir para o seu desenvolvimento. ?Por enquanto, é certo apenas que a leucemia não é hereditária. Sabemos também que a doença pode ter ligação com a exposição a algumas substâncias químicas, radiação ionizante, alguns fatores genéticos e anomalias congênitas?, explica a oncologista-pediatra Ana Lúcia Cornacchioni.

De acordo com os médicos, a leucemia é classificada em quatro tipos, dependendo da célula envolvida (mielóide ou linfóide) e de acordo com o desenvolvimento da doença (aguda ou crônica). A médica salienta que o diagnóstico preciso é um fator de muita importância para o sucesso no tratamento dos pacientes. ?O que pode dificultar o descobrimento da leucemia logo no início é o fato de os sintomas serem similares aos de muitas doenças comuns?, revela. Assim, com o passar do tempo, em vez de desaparecerem, os sintomas tornam-se mais graves e persistentes.

Quando a doença se manifesta de maneira aguda, os sintomas são mais aparentes: anemia, manchas roxas pelo corpo, sangramento excessivo, cansaço ou enfraquecimento, dores ósseas e infecções recorrentes são os sinais mais comuns da leucemia aguda. Já a leucemia crônica progride gradualmente e, por isso, os sintomas são menos evidentes.

Sinais e sintomas

As células com leucemia não realizam as funções normais do sangue, como combate a infecção, transporte de oxigênio para os tecidos e têm dificuldades de coagulação. Por essa razão, os pacientes com leucemia freqüentemente desenvolvem infecções, anemia e sangramentos.

Os sinais e sintomas de leucemia aguda podem simular outros tipos de doença, como as infecções virais ou bacterianas e doenças reumatológicas, entre outras. Por essa razão, é importante que o médico realize um exame clínico minucioso e interprete os exames com maior critério, podendo, assim, fazer um diagnóstico seguro da doença.

Seus principais sinais e sintomas:

* Febre

* Fraqueza e fadiga

* Infecções freqüentes

* Perda de peso e apetite

* Facilidade de sangramentos

* Manchas roxas na pele

* Suor noturno

* Dor nos ossos e juntas

* Dor abdominal

À espera de um transplante

Hoje, cerca de 1.800 brasileiros portadores de doenças hematológicas (do sangue) procuram por um doador de medula óssea compatível. Em muitos casos, o transplante é o procedimento com melhor possibilidade de cura.

O transplante consiste na injeção de células saudáveis – retiradas da medula óssea do próprio paciente ou de um doador compatível, ou de sangue de cordão umbilical na medula do paciente, para que esse volte a produzir células sangüíneas saudáveis e controle a doença, estado denominado remissão.

Existem três tipos de transplante de células

O transplante alogênico pode ser feito com células progenitoras de um doador compatível aparentado (há 25% de chances de se encontrar um doador na família, geralmente dentre os irmãos do paciente) ou não-aparentado. Em ambos os casos, o doador de medula é selecionado por testes de compatibilidade. Para quem não possui um doador compatível na família, a chance média de se encontrar um compatível não-aparentado – segundo o Inca – é um em 100 mil. Alguns especialistas acreditam, porém, que esse número possa chegar a um em um milhão, tendo em vista a grande diversidade genética do povo brasileiro. Além da leucemia, o transplante pode ser utilizado no tratamento de outras doenças hematológicas: benignas ou malignas; hereditárias ou adquiridas.

Tipos de transplantes

Autólogo

Quando são coletadas e utilizadas células da medula do próprio paciente (quando estas não estão muito comprometidas)

Alogênico

Quando as células são retiradas do cordão umbilical ou da medula óssea de um doador compatível previamente selecionado

Singênico

Quando as células provêm do irmão gêmeo idêntico (univitelino) do paciente.

Cadastro e doação

Para fazer o cadastro para doação de medula óssea, é preciso ir até o Hemepar ou ao Hospital de Clínicas, preencher um formulário e coletar 10 ml de sangue. As exigências não são muitas: o candidato a doador precisa ter entre 18 e 55 anos e assinar um termo de consentimento, que autoriza que a sua tipagem genética seja cadastrada no Redome.

Depois de registrado, o cadastro fica disponível em um banco de dados mundial e, havendo um receptor compatível, o candidato poderá ser chamado para realizar novos exames. São feitas, então, mais duas amostras de sangue – para confirmar a compatibilidade – e um check-up geral, para garantir que a doação não trará prejuízos ao doador ou ao receptor.

Para fazer a doação, é preciso ficar 24 horas internado, por causa da anestesia. Uma pequena quantidade da medula óssea – que é líquida – é retirada do doador, por meio de uma punção. Em 15 dias a medula fica totalmente recuperada e, em seis meses, a pessoa pode doá-la novamente.

SERVIÇO

Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná – Hemepar

Tv. João Prosdócimo, 145 – Alto da XV

Informações: 0500-645-4555 ou (41) 3262-7676

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná – HC

Rua General Carneiro, 181 – Alto da Glória

Telefone: (41) 3360-1800

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