Simulador de angioplastia é novidade no Paraná

Curitiba terá, a partir desta semana, um centro de treinamento com o que há de mais avançado em tecnologia para treinamento de cardiologistas especializados em angioplastia – procedimento que, com o implante de um stent (malha de aço muito fina), libera a artéria obstruída, permitindo a passagem do fluxo sangüíneo. A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) acaba de trazer ao Hospital Cardiológico Costantini um programa de computador que simula uma angioplastia virtual. Como esse procedimento não pode ser feito em cobaias, uma vez que as características do ser humano não correspondem às dos animais, a novidade vai permitir aos médicos uma maneira bastante segura e eficaz de treinar o procedimento antes de sua aplicação clínica.

O simulador será apresentado aos médicos antes e durante o 6.º Simpósio Internacional de Cardiologia Invasiva para Clínicos (Cardiointerv), que ocorre nesta sexta-feira e sábado (dias 1º e 2/12). O hospital foi escolhido pela SBHCI pela experiência em angioplastia – em oito anos de operação, o hospital chegou a uma taxa de mortalidade inferior a 1% durante os procedimentos. O principal objetivo do simulador é realizar o treinamento de médicos hemodinamicistas, cirurgiões vasculares e radiologistas intervencionistas, em angioplastia da carótida – ou seja, nos casos em que ocorre a obstrução por placas de gordura do vaso que leva o sangue ao cérebro. Esse entupimento da carótida pode causar desde pequenos derrames até um acidente vascular cerebral, que pode levar à morte ou deixar seqüelas irreversíveis no paciente.

“Até muito recentemente, o tratamento para a obstrução da carótida era realizado exclusivamente por meio de cirurgia. Apenas dez anos atrás, iniciou-se o tratamento por cateterismo e agora estamos avançando na técnica de angioplastia da carótida, a exemplo do sucesso obtido com o procedimento realizado nas artérias do coração”, explica Costantino Ortiz Costantini, diretor científico do Hospital Cardiológico Costantini.

Como funciona

Fazendo uma analogia simples, o simulador de angioplastia da carótida é similar aos utilizados em treinamentos de vôo. O médico opera uma guia real em um boneco, e o caminho percorrido por ela será transmitido pela tela do computador exatamente como se ele estivesse percorrendo um paciente. Todos os movimentos da guia são reproduzidos pelo programa, assim como a introdução do stent e a finalização do procedimento.

Dois dias antes do início do 6º Cardiointerv, os médicos utilizarão o simulador em uma aula de oito horas no centro cirúrgico do Hospital Cardiológico Costantini. Durante o evento, o programa estará à disposição dos mais de 300 participantes em um dos estandes do simpósio.

Como é realizada uma angioplastia?

As artérias constituem a via de acesso mais usada nas angioplastias. Também podem ser usadas as artérias do braço e antebraço.

1. Um cateter guia é introduzido até a raiz da aorta, local onde se originam as artérias (artérias que irrigam o músculo cardíaco ou o cérebro).

2. Uma guia é posicionada no interior da artéria.

3. A seguir, essa guia atravessa a placa que está causando a obstrução.

4. Um cateter balão navega através da guia até atingir a lesão.

5. O balão é insuflado, esmagando a placa contra a parede da artéria.

6. O cateter balão é esvaziado e retirado da lesão.

7. Um stent, montado em um outro cateter-balão, é posicionado na lesão.

8. Com a insuflação do balão, o stent é expandido e suas hastes ficam impactadas na parede do vaso.

9. Após a expansão, o balão e a guia são retirados. Com o stent implantado, o fluxo de sangue se normaliza.

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