Dificuldade de ter filhos atinge 20% dos casais

Estudos indicam que 20% da população mundial de casais tem problemas para gerar um filho. A ciência tem trabalhado para ajudar a reverter esses números. Em 1978 surgiu o primeiro bebê de proveta ? quando havia apenas 5% de chances de acerto. Em 1988 foi implantada a técnica de fertilização in vitro ambulatorial, e em 1992 a técnica conhecida como ICSI, que consiste na injeção de um único espermatozóide no interior do óvulo.

Com um equipamento chamado spindle view já é possível visualizar o material genético dos óvulos, e escolher que tem melhores chances de fertilização, aumentando em 20% as chances de gravidez, e diminui a ocorrência do nascimento de gêmios. Mas a grande novidade está na possibilidade de mulheres na menopausa ou que retiraram o ovário de poder ter um filho. A novidade ainda faz parte de uma pesquisa desenvolvida pela Clínica e Centro de Pesquisa em Reprodução Humana Roger Abdelmassih, de São Paulo, em conjunto com a Universidade de Connecticut.

Óvulos artificiais

De acordo com o médico especialista em reprodução humana, Roger Abdelmassih ? responsável pelo estudo, todas as células do nosso corpo são diplóides ? com 46 cromossomos ?, com exceção dos óvulos e espermatozóides que são haplóides ? com 23 cromossomos. Para se obter um óvulo artificial, cuja técnica é chamada de haploidização, tira-se o núcleo de um óvulo e implanta o núcleo de uma célula diplóide que qualquer parte do corpo da mulher (pele, gengiva, etc) que não pode ser filhos. Depois da união dessa célula com o núcleo se obtém uma célula com 23 cromossomos, então se injeta o espermatozóide para completar o processo.

As experiências dos óvulos artificiais começaram a ser pesquisadas em 2000 com vacas e camundongos, e o médico acredita que em no máximo dois anos será possível implantar a técnica em humanos. “Com certeza é um grande avanço para o setor, e uma grande novidade para as mulheres que pensavam que não poderiam mais ter filhos”, disse Roger Abdelmassih.

Especialista lança livro no dia 22

Rosângela Oliveira

As chances de gravidez por métodos naturais, por mês, de um casal considerado normal é de 15% a 18%. As mulheres com mais de trinta anos podem apresentar dificuldades com a fertilização em função da queda na qualidade dos óvulos. Já homens com oitenta anos ainda tem chances de engravidar uma mulher.

Todos esses dados estão inseridos na obra Tudo por um bebê, de Roger Abdelmassih, que será lançado dia 22, em Curitiba. O livro também traça um panorama detalhado dos principais obstáculos enfrentados por casais estéreis e os recursos oferecidos pela medicina para solucionar o problema. “O casal sem filhos sofre de um dor surda, que é a ausência”, diz o médico, que garante que a maioria tem condições de resolver o problema com a ajuda da ciência.

E foi essa esperança que levou a analista de sistemas A.M. e o engenheiro mecânico M.M, ambos de 29 anos, a procurar a clínica de reprodução. O casal afirma que está tentando há três anos ter um filho, mas problemas relacionados a um mioma e ovário polissístico da mulher estão inviabilizando a gravidez. Ela conta que na última tentativa teve um aborto expontâneo, mas eles continuarão tentando, “pois não existe sofrimento já que a vontade de ter um filho supera todas as fases do tratamento”, afirma o casal.

Porém o custo elevado tem afastado muito casais das clínicas de reprodução. Uma fertilização in vitro varia de R$ 10 mil a R$ 14 mil. O médico critica que o Governo Federal não tem sensibilidade para atender o casais sem filhos, bem como os planos de saúde também não oferecem nenhuma opção para essa categoria. Ele adiantou que a partir do ano que vem a sus clínica fará atendimento gratuito para casais com renda de até cinco salários mínimos.

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