Pacientes infectados pelo HIV são os mais afetados pela depressão

A incidência de depressão entre pacientes infectados pelo vírus HIV, que causa a aids, é maior do que na população em geral. Isso acontece por diversos fatores e o estado depressivo pode prejudicar muito o tratamento do paciente. Esse será um dos assuntos discutidos durante o 24.º Congresso Brasileiro de Psiquiatria, que começa hoje, em Curitiba.

A depressão entre os doentes pode ser ocasionada por diversos fatores, segundo Marco Antônio Alves Brasil, chefe do Serviço de Psicologia Médica e Saúde Mental do Hospital Universitário Clemente Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. ?Essa população já tem uma característica de vida que favorece a depressão. Muitos são usuários de drogas ou vêm de um meio conflitante e carente. A aids nasce de um ambiente próprio para a sua ocorrência. A grande prevalência da doença é na população mais pobre, exatamente pela condição de vida?, explica.

O próprio fato de a pessoa adquirir o vírus HIV também pode desencadear um estado depressivo por causa do estigma que envolve a doença, além de suas conseqüências. O paciente pode se tornar depressivo devido à vida sexual limitada e o receio de morrer precocemente. Os medicamentos utilizados no tratamento da aids também podem favorecer o aparecimento da depressão. ?A própria doença causa depressão. Um dos primeiros sintomas que aparece no doente, antes mesmo dos sintomas físicos da aids, é um quadro psiquiátrico alterado?, comenta Brasil. O psiquiatra ressalta que todos os pacientes com HIV não desenvolvem necessariamente um quadro de depressão.

O estado depressivo do paciente com aids dificulta muito a adesão ao tratamento contra a doença. Quem está com depressão se recusa a seguir as determinações médicas. Muitos pacientes desistem de tomar o coquetel de remédios, principalmente porque eles devem ser ingeridos rigorosamente nos horários certos, além de causarem desconforto, por serem comprimidos grandes. ?A falta de adesão ao tratamento é o principal problema, porque é um tratamento complexo, que envolve muito a vontade do paciente em se tratar?, conta Brasil. 

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