Racionamento de água começa na sexta

A partir da próxima sexta-feira, cerca de 70% da população de Curitiba e Região Metropolitana será afetada pelo rodízio do abastecimento de água. Apenas as regiões oeste e sul não entram no racionamento. A Sanepar foi obrigada a tomar a medida em função das condições climáticas pouco favoráveis para chuvas. Desde novembro do ano passado não chove com regularidade em Curitiba. Por isso, a Sanepar estima que o racionamento deve ser realizado até setembro, quando as chuvas serão normalizadas, segundo as previsões. ?Foi uma medida de extrema necessidade?, afirma Wilson Barion, diretor de operações da Sanepar. O anúncio foi feito ontem, em Curitiba, pela diretoria da companhia de abastecimento.

A Região Metropolitana de Curitiba foi dividida em sete grupos, seguindo o sistema hidráulico que facilita a abertura e o fechamento dos registros. As áreas atingidas são as abastecidas pelo sistema integrado das estações Iraí e Iguaçu. Elas usam os reservatórios do Iraí e de Piraquara, que estão apenas com 33% e 50% de volume de água, respectivamente, em relação à capacidade de armazenamento.

Cada um dos sete grupos vai sofrer desabastecimento por 26 horas, uma vez por semana. Diariamente, os registros serão fechados às 14 horas e reabertos às 16h do dia seguinte. O horário máximo para a volta da água em todas as localidades dentro de um grupo é 22h. A tendência é que as pontas das redes, normalmente localizadas nas periferias, sejam as últimas a terem o abastecimento normalizado.

Mais de 1,8 milhão de pessoas serão afetadas pelo rodízio. Em média, 250 mil habitantes vão passar pelo desabastecimento por dia. Apenas as áreas abastecidas pela represa do Passaúna – regiões oeste e sul e o município de Araucária – ficam fora do rodízio, por esta barragem estar em boas condições de armazenamento de água.

A expectativa da Sanepar com o rodízio é reduzir o consumo em 15%, o equivalente a 70 mil metros cúbicos por dia. A produção média necessária para atender a demanda normal é de 480 mil metros cúbicos diários. Espera-se que a cada sete dias de rodízio seja economizado o volume extraído das barragens em um dia. ?A reserva domiciliar deve ser para apenas 24 horas. Se a água for usada racionalmente, o impacto do rodízio será menor. O pedido de economia continua?, avisa Barion. Com o revezamento no fornecimento de água, a Sanepar espera superar o período de forte estiagem que afeta toda a região sul do Brasil.

Medidas

Antes de adotar o rodízio, a Sanepar tentou amenizar a estiagem com a ampliação da área de abastecimento do Sistema Passaúna; aproveitamento dos recursos hídricos disponíveis na bacia incremental (rios, cavas e barragens particulares); redução das pressões nas redes de distribuição; e campanha de conscientização dos consumidores para o uso racional de água. As medidas apenas adiaram o início do abastecimento.

Se as chuvas não se regularizarem em setembro, o rodízio de abastecimento poderá ser estendido. ?Dependendo das condições climáticas e da disponibilidade das reservas, pode acontecer de aumentarmos o desabastecimento?, alerta Barion. A Sanepar vai avaliar diariamente como está o sistema de racionamento e poderá modificar a medida conforme as condições de momento. Situações emergenciais serão atendidas pela empresa com caminhões-pipa. A população pode tirar dúvidas por meio do telefone 115 ou no site www.sanepar.pr.gov.br.

Grupo de rodízio

 

 

GRUPO

 

LOCAIS AFETADOS

 

(Obs.: (P) é local afetado parcialmente).

 

POPULAÇÃO

 

1

 

6.ª-feira

 

CURITIBA: ABRANCHES (P), ÁGUA VERDE (P), ALTO DA QUINZE (P), BATEL (P), BIGORRILHO (P), BOM RETIRO (P), CAMPINA DO SIQUEIRA (P), CENTRO (P), CRISTO REI (P), HUGO LANGE (P), JD. BOTÂNICO (P), JUVEVÊ (P), MERCÊS (P), PAROLIN (P), PILARZINHO (P), PRADO VELHO (P), REBOUÇAS, SÃO LOURENÇO (P), SEMINÁRIO (P), VISTA ALEGRE (P).

 

209.486

 

2

 

sábado

 

CURITIBA: ALTO DA GLÓRIA, ALTO DA QUINZE (P), BACACHERI (P), CAJURU (P), CABRAL (P), C.DA IMBUIA (P), CENTRO (P), CRISTO REI (P), GUABIROTUBA (P), HUGO LANGE (P), J.DAS AMÉRICAS (P), J. BOTÂNICO (P), J. SOCIAL (P), JUVEVÊ (P), PRADO.VELHO (P), TARUMÃ (P), UBERABA (P).

 

244.496

 

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS (P)

 

3

 

domingo

 

 

CURITIBA: ABRANCHES (P), ÁGUA VERDE (P), AHU (P), ALTO BOQUEIRÃO (P), BATEL (P), BIGORRILHO (P), BOM RETIRO (P), BOQUEIRÃO (P), CAMP.SIQUEIRA (P), CENTRO (P), CENTRO CÍVICO (P), FANNY (P), GUABIROTUBA (P), GUAÍRA (P), HAUER (P), JD.AMÉRICAS (P), MERCÊS (P), PAROLIN (P) PILARZINHO (P), PRADO VELHO (P), S. FRANCISCO, S. LOURENÇO (P), SEMINÁRIO (P), UBERABA (P), VILA IZABEL (P), VISTA ALEGRE (P).
 

186.718

 

4

 

2.ª-feira

 

ALMIRANTE TAMANDARÉ (P)

 

313.118

 

COLOMBO (P)

 

CURITIBA: ABRANCHES (P), AHU (P), ATUBA (P), BACACHERI (P), BARREIRINHA, BOA VISTA, CABRAL (P), CACHOEIRA, CENTRO CÍVICO (P), SANTA CÂNDIDA, SÃO LOURENÇO (P), TABOÃO, TINGUI.

 

5

 

3.ª-feira

 

CURITIBA: CAJURU (P), UBERABA (P).

 

352.510

 

PINHAIS

 

PIRAQUARA

 

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS (P)

 

6

 

4.ª-feira

 

CAMPINA GRANDE DO SUL (P)

 

277.711

 

COLOMBO (P)

 

CURITIBA: ALTO BOQUEIRÃO (P), ATUBA (P), BACACHERI (P), BAIRRO ALTO, BOQUEIRÃO (P), CAPÃO DA IMBUIA (P), GANCHINHO (P), HAUER (P), JARDIM SOCIAL (P), PINHEIRINHO (P), TARUMÃ (P), XAXIM.

 

QUATRO BARRAS (P)

 

7

 

5.ª-feira

 

CURITIBA: ÁGUA VERDE (P), CAPÃO RASO (P), FANNY (P), FAZENDINHA (P), GUAÍRA (P), LINDÓIA, NOVO MUNDO, PAROLIN (P), PINHEIRINHO (P), PORTÃO, S.QUITÉRIA, SEMINÁRIO (P), V.IZABEL (P).

264.363

 

 

TOTAL:

 

1.848.402

ESTIAGEM (Data 28/07/06)

Classificados em situações críticas os locais onde a estiagem tem provocado a dificuldade no abastecimento normal (falta de água) e situações em alerta, onde ainda não ocorre a falta de água, mas poderá ocorrer, se a estiagem se prolongar por um período de 30 a 60 dias.

1- Situação crítica
Locais afetados pela estiagem com falta de água
– Campo Largo
– Catuporanga
– Poema
– Rio do Salto (município de Cascavel)
– Bairro dos Franças (município de Ortigueira)
– Santo Antonio do Iratim
– Mariental
– Dorizon
– Curiúva
– Sapopema
– Jandaia do Sul
– Rosário do Ivaí
– Vila União
– São João do Ivaí

2- Situação em Alerta
Regiões em estado de alerta, pois permanecendo a estiagem prolongada (próximos 30 a 60 dias), a situação passará a ser crítica.

2.1- Região Metropolitana de Curitiba

2.2- Região
Centro-Sul
– Piraí do Sul
– Rio Bonito do Iguaçu
– Rio Negro
– Ventania
– Reserva
– Imbaú
– Turvo
– Nova Laranjeiras
– Virmond
– Pitanga
– Candói
– Pinhão

2.3- Região Oeste
– Lindoeste
– Corbélia
– Três Barras do Paraná
– Ramilândia
– Alto Alegre do Iguaçu
– Longuinópolis
– Guaraniaçu
– Medianeira

2.4- Região Sudoeste
– Capanema
– Centro Novo
– Santa Izabel do Oeste
– Pranchita
– Cruzeiro do Iguaçu
– Nova Vitória
– Boa Esperança do Iguaçu
– Saudades do Iguaçu
– Presidente Kennedy
– Bom Sucesso do Sul
– Vitorino
– Dr. Paranhos
– Sulina,
– Coronel Vivida,
– Chopinzinho,
– São João

2.5- Região Norte
– Apucarana
– Ivaiporã
– São Pedro do Ivaí
– Califórnia
– Vila Gandhi
– Arapongas
– Ibaiti
– Jundiaí do Sul

 

Sistema de abastecimento atende demanda até 2012

O diretor de operações da Sanepar, Wilson Barion, esclarece que o sistema de abastecimento de Curitiba está apto para atender a demanda da cidade pelos próximos cinco anos. A empresa está investindo, de acordo com ele, R$ 70 milhões no sistema de produção e distribuição. Outros R$ 40 milhões serão destinados para armazenamento. ?O sistema de Curitiba é diferente do de outras cidades. Curitiba não possui grandes rios. Depende do armazenamento, pois não tem mananciais em bacias de grande porte. O que estamos vivendo agora é uma situação atípica, influenciada pelas condições climáticas?, explica. Também estão sendo feitos investimentos na construção de mais duas barragens.

O rodízio no abastecimento deve causar uma queda de 5% na receita da Sanepar no período, o equivalente a R$ 10 milhões. O faturamento da empresa no ano passado alcançou R$ 1,2 bilhão, com um lucro de R$ 140 milhões, segundo o diretor de investimentos, Hudson Calefe, que atualmente responde pela presidência da Sanepar. A companhia de abastecimento atende 343 municípios do Estado e possui 9 milhões de consumidores.

Combate a ocupações irregulares protege mananciais

A Sanepar está colocando em prática um plano de ação para proteger os mananciais da Região Metropolitana de Curitiba, diante das alterações das condições climáticas, influenciadas pelo aquecimento global e o desequilíbrio ecológico. Em conjunto com municípios, Instituto Ambiental do Paraná e a polícia, a Sanepar está combatendo as ocupações irregulares em áreas com potencial de abastecimento de água. ?Há um plano diretor que esclarece quais são as áreas com mananciais. Estamos tentando resolver os problemas nas ocupações já existentes?, afirma Maria Arlete Rosa, diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar.

Ela dá o exemplo da região do Guarituba, em Piraquara. No local, vivem 45 mil pessoas em uma área rica em mananciais. Algumas medidas estão sendo tomadas para regularizar a área, com um programa de urbanização. Serão implantadas redes de esgoto e feitas obras de macro e microdrenagem. ?Se não cuidarmos, esta população vai jogar esgoto no coração dos mananciais?, comenta Maria Arlete.

Medidas socioeducativas também são importantes para alertar que a água é um bem precioso, muitas vezes desvalorizado. Em média, uma pessoa utiliza 160 litros de água por dia. O consumo pode ser reduzido pela metade, sem que haja qualquer prejuízo para a saúde e as condições sanitárias.

Comprometimento iniciou em 2005

Gisele Rech

Foto: Ciciro Back/O Estado

Represa do Iraí foi a mais afetada pelo baixo volume de chuvas.

A estiagem que assola a Grande Curitiba e que comprometeu os principais mananciais de água do Estado pode ser compreendida pela análise do volume de precipitação registrado desde o final de 2005. Em dezembro, mês no qual geralmente o volume de chuva não fica abaixo de 100 milímetros (mm), choveu apenas 54 mm, menos de 50% do que choveu em 2004 no mesmo período. Desde que o Instituto Tecnológico Simepar passou a fazer a medição da precipitação, em julho de 1997, foi o menor índice registrado em dezembro.

Em entrevista recente, o supervisor de operações da Sanepar, Wilson Barion, ressaltou que o comprometimento dos reservatórios de água que abastecem Curitiba e região começou, de fato, no ano passado, e foi agravado com o panorama dos meses tipicamente secos. ?Não é novidade chover pouco no inverno. O que aconteceu de diferente foi chover pouco antes do inverno.?

Este ano, as últimas chuvas significativas que caíram em Curitiba foram registradas em março (129,6 mm). Em abril, houve uma queda brusca: 17 mm no mês inteiro. A seca se estendeu em maio, junho e julho, com precipitações de 20 mm, 28,7 mm e 37,7 mm, respectivamente. A escassez de chuvas confirma as características climáticas da capital paranaense de ter invernos secos, porém assusta por serem os menores índices nos mesmos períodos desde 1997.

Sem previsões de chuvas significativas para os próximos dias – apenas a garoa deve perdurar – a torcida agora é para que o passado recente não se repita. Apesar de em agosto do ano passado o índice de precipitação ter ficado em 158,8 mm, em 2003 e 2004 o mês de agosto teve os menores índices anuais, chegando a 9 mm (a menor marcação desde 1997) e 11,6 milímetros, respectivamente.

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