Mundo virtual

Internet completa 40 anos de existência

Ter acesso a informações instantaneamente, fechar negócios, assistir a vídeos ou até mesmo retomar o contato com amigos de infância não eram exatamente o que pesquisadores da Universidade da Califórnia, liderados por Len Kleinrock, tinham em mente, em 1969.

No final daquela década, eles começaram a trabalhar no projeto que acabou resultando no instrumento que atualmente conecta dois milhões de pessoas em todo o mundo: a internet.

Nesse mês, a rede completa 40 anos de existência e, segundo dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope / Netrating), já está presente na residência de 42 milhões brasileiros. No mesmo estudo, o instituto constatou que, em todo o mundo, o brasileiro é o internauta que fica mais tempo conectado à rede, aproximadamente 72 horas mensais.

Por conta disso, o especialista em marketing digital, André Telles, autor dos livros Orkut.com e Geração Digital, afirma que a rede foi o instrumento de comunicação que mais evoluiu no decorrer dos anos. “A cada dia, a internet se renova. O que vemos hoje pode estar totalmente diferente amanhã”, diz.

No entanto, antes de alcançar tal grandiosidade, a internet percorreu um longo caminho, iniciado em 1970, quando recebeu o nome de Arpanet. “Esse foi o início. Três anos depois, em 1973, foi realizada a primeira troca de dados entre computadores localizados em dois países diferentes, concretizando assim a base da internet atual”, conta o especialista.

A partir daí, em 1983, foram criados o Domain Name System (DNS) e a criação de sufixos como o “.com”, “.gov” e ainda o “.edu”, que chegou um ano depois. Já no início da década de 90, o cientista Tim Berners-Lee, com o intuito de controlar computadores a distância, criou o prefixo www (World Wide Web), que é utilizado na maioria dos sites em funcionamento hoje.

Três anos após, em 1993, entrou em funcionamento o primeiro navegador, que permitiu o acesso da internet através de um software, sistema que é usado até hoje para navegar na rede.

A partir desse ano, novos softwares começaram a surgir. Exemplo disso foi o Napster, primeiro programa que permitiu o compartilhamento de músicas pela internet.

Seu lançamento, em 1999, veio carregado com a polêmica da troca gratuita de músicas em formato mp3 pela rede. No mesmo ano, a população ligada à internet ultrapassava 250 milhões de pessoas. Já em 2005, o site You Tube, que compartilha vídeos na rede, entra em funcionamento.

Um ano depois, a rede alcança um bilhão de usuários em todo o mundo. Em 2009, o número de internautas já está 100% maior que o constatado em 2008. Atualmente, são mais de dois bilhões de pessoas interligadas através da web, e esse ano as tecnologias continuam.

O Google, responsável pelo You Tube e pelo site de relacionamentos Orkut, anunciou que irá desenvolver um sistema operacional com foco na web, revolucionando assim, a maneira de utilização dos atuais sistemas operacionais.

Marketing atinge consumidores da nova “geração digital”

No Brasil, a comercialização de produtos pela internet, em sites como o Mercado Livre, E-bay e Amazon, trouxe uma nova área de atuação aos profissionais ligados à rede: o marketing digital.

“Trata-se de uma nova terminologia para as estratégias voltadas às novas mídias. Ele atinge aqueles consumidores que já estão ligados na rede, ou seja, a geração digital”, afirma André Telles, especialista em marketing digital.

De acordo com ele, o maior objetivo do marketing digital hoje, é tratar a geração digital não apenas como receptores de informações, mas também como retransmissores e formadores de conteúdo.

“As pessoas confiam muito mais em um produto recomendado por um amigo do que por uma propaganda que apenas apresenta ou desperta a intenção de compra de quem vê. Essa é nossa preocupação no marketing digital”, afirma.

Para Telles, a opinião dessa nova geração não permitirá que as empresas vendam produtos apoiados apenas em suas marcas, mas que assim o façam pelas opiniões presentes dos usuár,ios na internet.

“Se o produto ou serviço for ruim, essas empresas serão esmagadas pela geração digital. Por isso, as empresas devem ficar atentas aos comentários presentes em sites de redes sociais como o Orkut ou o Twitter, por exemplo, que, muitas vezes, são responsáveis por formar a opinião daqueles que pretendem comprar determinado produto”, diz.

Seguindo a linha do marketing digital, Telles acredita que o futuro da internet está no celular. “O Brasil hoje tem aproximadamente 145 milhões de celulares. Com a tecnologia da web 2.0, que traz maior interação do usuário com a rede, tenho certeza de que se abrirá uma nova área de tecnologias”. (LC)

Cresce número de internautas com mais de 65 anos

Daniel Caron
Hemágoras Tavares, 75 anos: a rede possibilitou contato com parentes.

Além de abrir as portas para novas tecnologias e recursos, a internet instiga o espírito de aprendizado de brasileiros na terceira idade. De acordo com o Ibope / NetRating, em todo o País, o número de internautas com mais de 65 cresceu 23% na comparação do mês de junho com julho. Na faixa etária entre 50 e 64 anos também houve crescimento – 15%.

O comerciante aposentado Hemágoras Tavares, 75 anos, confirma a estatística do instituto. Após quatro meses frequentando o curso de internet básica no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), ele diz que a rede possibilitou aumentar o contato com seus parentes que moram em Recife (PE).

“Antigamente gastava muito com ligações. Pela internet, consigo conversar sempre com meu cunhado de Recife. É uma grande alegria poder falar e vê-los através do computador. Agora quero aprender a mandar e-mails e ler notícias na rede”, conta o aposentado.

A professora aposentada Elmenis Castilho conta que a internet lhe possibilitou um novo olhar para o mundo. “Antigamente tinha assinatura de uma revista. Hoje, com a internet, posso ler vários textos e tirar a minha conclusão, não dependendo do conteúdo presente no periódico que assinava”, orgulha-se.

Por outro lado, os mais jovens que já têm conhecimento da rede, estão preenchendo uma importante lacuna no mercado de trabalho, na área de web design.

“Como pretendo trabalhar na área já estou me aperfeiçoando para ganhar a vida através da internet”, diz a estudante Juliana Sandrini, 16 anos. Para sua colega Alice Leszczynski, 25 anos, a oportunidade para o futuro está ligada à internet. “Sabemos que muitas empresas grandes ainda não estão na web. Esse é um grande campo para nós, por isso, estamos nos dedicando agora para então no futuro trabalhar para essas empresas‘, conta a turismóloga. (LC)